Anais DCIMA Final

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Chacina da Fazenda Ubá – 13 e 18 de Junho de 1985
O ano de 2006 trouxe algo inusitado à equipe, o julgamento do caso conhecido como Chacina da
Fazenda Ubá, em decorrência do massacre de oito posseiros que ocupavam a fazenda. O fato teve início no dia
13 de junho de 1985, dia em que os trabalhadores rurais João Evangelista Vilarins, Francisco Pereira Alves,
Januário Ferreira Lima, Luiz Carlos Pereira de Souza e uma mulher grávida, a Francisca de Souza, que também
aparece no processo como Francisca de Tal, foram assassinados. A chacina teve continuidade no dia 18 de
Junho de 1985, quando o líder comunitário conhecido como “Zé Pretinho”, o José Pereira da Silva, foi
assassinado, assim como seu irmão Valdemar Alves de Almeida e o trabalhador rural Nelson Ribeiro.
A tarefa da equipe no período do julgamento era remontar o cenário da época: recuperar testemunhas
dissipadas em diferentes cidades, vinte e um anos após a chacina. Esse trabalho permitiu dar continuidade ao
acompanhamento processual em outro nível, como informar esposas, filhos e outros familiares de
trabalhadores assassinados sobre o julgamento do acusado como mandante dos crimes, José Edmundo Ortiz
Virgulino; localizar testemunhas e outras pessoas envolvidas na ocasião da chacina e também construir com
eles reflexões coletivas sobre como o Estado Brasileiro poderia reparar parcialmente os danos causados as
pessoas vitimadas direta e indiretamente na chacina. Foram realizadas visitas em assentamentos, vilas, cidades,
povoados, em Marabá, São João, Eldorado dos Carajás, São Domingos do Araguaia e Sítio Novo – Tocantins.
Aquele processo judicial amarelado, ao qual recorríamos apenas para atualizar informações, ou para
prestar informações aos familiares das vitimas que rotineiramente nos procuravam para obter notícias de como
“andava” o processo, passara de memória inerte para memória viva, de uma representatividade imagética da
violência que assolou essa região na década de 80, permitida pela leitura dos documentos históricos, para a
percepção de vidas reais que continuaram, seguiram seu curso após a tragédia e assim como os processos,
carregavam em seus corpos as marcas do tempo (ASSMANN, 2011, pp. 366-371).
O trabalho da equipe interdisciplinar da SDDH nas proximidades do julgamento do acusado como
mandante do crime José Edmundo Ortiz Virgulino, no ano de 2006, culminou com a produção do documentário
“Ubá, um massacre anunciado”. A produção ocorreu em parceria com a Universidade Federal do Pará, UFPA
e Comissão Pastoral da Terra, CPT. Alguns familiares e testemunhas, como Carlito e Marina, tiveram
participação no documentário, que foi exibido para a comunidade no assentamento Ubá em ocasião posterior.
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