Anais DCIMA Final

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mudança linguística (TARALLO, 1986, p.65). Essa constatação é ainda reforçada pelo fato de dicionários
gerais da língua portuguesa, como o Houaiss (HOUAISS; VILLAR, 2001, p.403), terem passado a dedicar
uma entrada lexical para a variante não-padrão barguilha, indicando tratar-se de metátese de braguilha.
3. Considerações Finais
Com base no exposto, conclui-se, ao menos em caráter preliminar, que a metátese é um fenômeno
presente, porém pouco produtivo na fala dos maranhenses de Pinheiro e São Luís, sendo ainda menos
recorrente na capital que na zona rural do Estado.
Esse último dado, juntamente com a maior ocorrência do fenômeno verificada dentre falantes de nível
fundamental, reforça a noção de que a metátese encontra-se associada a fatores sócio-econômicos e leva a
“compreender” a carga de estigmatização que vem recaindo sobre o fenômeno.
Do mesmo modo, a associação da metátese às variedades não-padrão se coaduna com a menor
incidência do fenômeno na fala das informantes do sexo feminino, que, conforme estudos linguísticos vêm
constatando, tendem a observar em maior grau a norma-padrão.
Ademais, foi possível dectar, ainda que em caráter bastante preliminar, a menor significância do fator
faixa etária, dentre os fatores extralinguísticos levados em consideração, no condicionamento das ocorrências.
Tal dado certamente será reavaliado e amadurecido em momento mais avançado desta pesquisa.
Este trabalho, portanto, longe de esgotar a temática, é apenas o início dos estudos a respeito da metátese
no Português falado no Maranhão e certamente se expandirá para abranger outras localidades e para,
futuramente, cotejado com os demais estudos em andamento, possibilitar uma análise mais completa e acurada
sobre este, até então, pouco estudado processo fonológico.
Referências
AGUILERA, Vanderci de Andrade. Braguilha ou barguia: eis a questão. In: RIBEIRO, Silvana
Soares Costa; COSTA, Sônia Bastos Borba; CARDOSO, Suzana Alice Marcelino da Silva (orgs.).
Dos sons às palavras: nas trilhas da língua portuguesa. Salvador: EDUFBA, 2009, p. 283-303.
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é e como se faz. 49 ed. São Paulo: Loyola, 2007.
BRANDÃO, Silvia Figueiredo. A geografia lingüística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.
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