23.01.2018 Views

Anais DCIMA Final

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Página 366<br />

h) os dizeres e fazeres inserem-se em formações discursivas, cujos elementos<br />

são regidos por determinadas regras de formação;<br />

i) o discurso é um jogo estratégico e polêmico, por meio do qual constituem-se<br />

os saberes de um momento histórico;<br />

j) o discurso é o espaço em que saber e poder se articulam (quem fala, fala de<br />

algum lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente);<br />

k) a produção do discurso é controlada, selecionada, organizada e redistribuída<br />

por procedimentos que visam a determinar aquilo que pode ser dito em um certo<br />

momento histórico. (GREGOLIN, 2004: p. 90)<br />

Um dos grandes desafios dos povos indígenas é ser aceito em qualquer meio oficial com sua cultura<br />

de raiz oral, pois a cultura escrita deixou de ser uma escolha e passou a ser uma obrigação, inclusive na<br />

academia, e nesse processo o valor da oralidade diminuiu mesmo esta não sendo nem menos e nem mais<br />

verdadeira que aquela.<br />

Muito antes da chegada do Europeu em terras brasileiras, o índio já narrava suas próprias histórias, ao<br />

contrário do que se tenta provar, o indígena não é um ser criado pelo europeu. Neves (2009), afirma que para<br />

a ciência o discurso indígena é baseado somente na mitologia.<br />

Comumente as representações indígenas são colocadas apenas na ordem do<br />

cultural. Para a maior parte dos discursos das ciências sociais, o índio não tem<br />

história. Ele não se conta. Da Carta de Caminha a nossos dias, nos cânones<br />

ocidentais, o índio brasileiro é descrito pelo olhar estrangeiro. Quanto às<br />

narrativas indígenas, porque falam de um lugar diferente e não usam as<br />

solenidades da língua escrita, para os mais ortodoxos, elas não são fontes<br />

históricas, são apenas da ordem da mitologia. (NEVES, p. 102-103).<br />

Mas, é somente através da voz que podemos ouvir o que a escrita não registra; a oralidade nos<br />

privilegia na escuta de vozes silenciadas na cultura no papel rasurado de letras; é com a voz que podemos dar<br />

“face” àqueles que não fazem da grafia sua manifestação oficial.<br />

Para as ciências ocidentais, as sociedades indígenas são a-históricas e devem ser<br />

compreendidas apenas em suas manifestações culturais. Embora rotuladas como<br />

mito, as narrativas orais indígenas são o conhecimento histórico destas<br />

sociedades, a forma como narrativizam suas experiências, organizam seus<br />

conceitos. (NEVES, 2009; p.100)<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!