Anais DCIMA Final

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Ainda no momento pré-aniversário, outros acontecimentos culminaram para uma explosão de
discursos dissonantes em relação aquilo que era/é evidenciado pela PMB. Mais precisamente na madrugada
do dia 5 de novembro de 2014, a violência e o sangue marcaram as ruas da periferia de Belém: a morte de um
policial militar levou ao extermínio de 10 moradores de diferentes bairros das camadas sociais mais pobres.
Essa foi a “#ChacinadoGuamá”, que teve como elemento diferencial de uma “chacina comum”, sua grande
exposição nas diferentes mídias sociais 10 (MIRANDA, NEVES, 2016).
Comumente, a cobertura realizada pela grande imprensa quanto à problemática desse tipo de
acontecimento é de supervalorização da morte dos jovens, de criminalização dos moradores das áreas de
periferia e de autorização da violência policial. No entanto, a partir da apropriação das redes digitais essa rotina
foi inviabilizada (MIRANDA, NEVES, 2016). E, assim, este evento se constituiu como o momento de crise
no qual afloram as memórias subterrâneas (POLLAK, 1989).
Este fato permitiu, entre outros desdobramentos, que diferentes movimentos sociais dos bairros de
periferia de Belém reunissem esforços para desenvolver ações contra esse cenário de múltiplas vozes
invisibilizadas. Esse levante popular buscou mostrar esses olhares múltiplos da periferia sobre a cidade e,
principalmente, sobre a comemoração dos 400 anos de fundação de Belém. Eles questionavam os motivos para
celebrar este evento diante de tantas vítimas da violência urbana e da ausência de direitos fundamentais aos
moradores dos bairros mais pobres – fato recorrente no cotidiano da cidade (MIRANDA, NEVES, 2016).
O esforço culmina na produção audiovisual de uma carta-manifesto que foi publicado nas diferentes
mídias sociais no dia do aniversário da cidade 11 . Ela segue a natureza própria da web, que se sustenta no
esforço de interação e de compartilhamento por meio dos diferentes canais possíveis, mas também traz a tona
a percepção singular de que a memória coletiva não dá conta dos processos de subjetivação na
contemporaneidade. Somos todos sujeitos constituídos de diferentes experiências discursivas e em cada um de
nós reside esse tensionamento dos trajetos sociais distintos.
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Mais tarde, o evento ficou conhecido como #ChacinadeBelém. Mesmo assim, adoto para ele o título como uma
marcação para as mídias sociais, pois esse foi um dos fatores que garantiu sua visibilidade diferenciada para os diferentes
veículos jornalísticos.
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A carta-manifesto está disponível aqui.
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