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Anais DCIMA Final

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Página 390<br />

A personagem de White Bear foi submetida à observação não de uma pessoa, mas de várias. Era<br />

observada por um público que ansiava vingança, mas só descobre seus verdadeiros inimigos no final de sua<br />

saga. As cortinas caem e a fugitiva está de frente para pessoas que interagiam e se divertiam diariamente com<br />

seu sofrimento. E o episódio se repete todos os dias.<br />

O fato é que Victória estava cumprindo sua pena por ser cumplice do assassinato de uma criança, e<br />

as pessoas que estão na plateia são os seus juízes, que por meio das suas gravações midiáticas conseguem fazer<br />

com que o sofrimento de Vitória se torne mais público e alcance mais pessoas que virão a ser os novos<br />

espectadores, para Jenkins (2009), esse é um dos pontos centrais da cultura da convergência,<br />

A circulação de conteúdos – por meio de diferentes sistemas de mídia, sistemas<br />

administrativos de mídias concorrentes e fronteiras nacionais – depende<br />

fortemente da participação ativa dos consumidores. A convergência ocorre<br />

dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais<br />

com outros. (JENKINS, 2009; p. 30).<br />

O final do episódio não deixa dúvidas de que a convergência midiática foi tão eficaz, que até o<br />

sentimento de milhares de pessoas, que interagiam e partilhavam do Reality Show de Vitória passou a ser um<br />

mesmo: ódio.<br />

4. Considerações finais / Conclusões<br />

Black Mirror é uma série do século XXI, envolta por questões não só atuais, mas que disseca e explora<br />

um modo de ser e viver que está cada vez mais em evidência: o uso e abuso dos recursos tecnológicos.<br />

Posto isto, aqui vimos como a tecnologia, as novas formas de subjetivação e a convergência podem<br />

ser encontradas em um episódio de Black Mirror, que como já foi dito: reflete nosso modo de viver atual em<br />

sociedade.<br />

É importante entender que a tecnologia não pode ser entendida como inimiga. É uma ferramenta e<br />

como tal apenas reforça as novas formas de psicopatologia da atualidade.<br />

Diante disso, as reflexões aqui expressas não esgotam as possibilidades de discussões que a série<br />

oferta. Pois é difícil ainda precisar as consequências desses novos modos de ser e viver. De igual maneira não<br />

podemos deixar de questionar a presença cada vez mais maciça da barbárie em nosso meio social. Quais<br />

relações teriam a tecnologia e a violência?<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

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