18.04.2013 Views

Alfabetização, Letramento - Inep

Alfabetização, Letramento - Inep

Alfabetização, Letramento - Inep

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

10 10<br />

10<br />

Qual é a idéia de organização do tempo<br />

em sala de aula presente na narrativa da<br />

professora? A professora, ao se referir a<br />

seus momentos de leitura para as<br />

crianças, diz organizá-los de modo a<br />

garantir a continuidade e a intensidade<br />

do trabalho: “Era uma história que eu<br />

contei em partes porque era longa” e<br />

“O livro também era longo, durou sei<br />

lá quantos dias, mas teve essa<br />

brincadeira”.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

Tomando como base a fala dessa professora<br />

percebemos que ela não tem a preocupação de escolher<br />

uma história curta e rápida que seja compatível com o<br />

tempo delimitado pelo período da aula. Ela afasta-se da<br />

fragmentação do tempo linear – um dia após o outro —<br />

mantendo um fluxo, uma continuidade que é dada pelo<br />

livro e pela intensidade da escuta compartilhada da<br />

história. Não é o tamanho da história que se encaixa no<br />

tempo disponível, mas o contrário: o tempo é usado e<br />

gasto conforme o desenrolar da atividade de ouvir as<br />

histórias.<br />

Você verá que...<br />

A brincadeira<br />

também tem lugar na<br />

escola, e ela também<br />

merece ser planejada.<br />

É o que veremos no<br />

Fascículo 5 – “O lúdico<br />

na sala de aula:<br />

projetos e jogos”.<br />

A professora também menciona: “Esse livro foi muito interessante, forte, mobilizou um<br />

monte de emoção, tinha hora que eu tinha vontade de chorar”. No momento em que lê<br />

para as crianças, ela vive o momento com intensidade. O momento da leitura em sala de aula é<br />

para ela também um momento de fruição, ou seja, de prazer.<br />

Sabemos que a leitura como fruição ainda é vista, na escola, como um tempo desperdiçado, já<br />

que o objetivo predominante da leitura é instrutivo, ligando-se à realização de tarefas e de<br />

exercícios.<br />

Isso acontece porque o modo como entendemos o tempo na escola e fora dela, apesar de nos<br />

parecer natural, está diretamente ligado às condições históricas. Ou seja, os modos de viver,<br />

marcar, usar e avaliar o tempo variam na história e entre os povos, relacionando-se com as<br />

diferentes tecnologias a que os grupos sociais têm acesso e com o modo como o trabalho é<br />

organizado socialmente.<br />

Se considerarmos como o tempo era vivido na Idade Média, um período da história humana em<br />

que não existia o relógio, o trabalho industrial, o carro ou a televisão, teremos um exemplo de<br />

experiência do tempo diferente da nossa. Nesse período, analisam os historiadores, as formas<br />

de marcar o tempo e os usos que dele se faziam eram relacionados às atividades e às variações<br />

da natureza. As unidades de tempo eram definidas pela duração das tarefas: o tempo do preparo<br />

da terra, o tempo do cozimento de um alimento, o tempo que levava o couro para curtir ou para<br />

fiar-se um tapete, etc., e elas eram afetadas pelas condições naturais, de frio ou de calor, de<br />

luminosidade, dos períodos de chuva e de estio, do movimento das marés variando de uma<br />

estação do ano para outra.<br />

Já com o trabalho industrial e com a criação do relógio, resultantes do desenvolvimento de<br />

novos conhecimentos e de novas técnicas, o tempo passou a ser definido e medido através de<br />

unidades externas às atividades de trabalho, externas aos ciclos da natureza, externas à vida.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!