Alfabetização, Letramento - Inep
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delas tiver uma interpretação diferente e considerar a<br />
situação como formal, poderá vir a empregar formas Recursos comunicativos são<br />
inadequadas para a situação. Da mesma maneira, em palavras, expressões ou as<br />
uma situação formal, se um interlocutor escolher usos maneiras como construímos<br />
lingüísticos informais, sua fala resultará inadequada<br />
nossos enunciados.<br />
Podemos empregar esses<br />
para a situação. Mas veja bem: às vezes uma pessoa<br />
recursos para ajustar nossa<br />
reconhece que a situação é formal, dispõe-se a<br />
produção lingüística às<br />
monitorar-se mas lhe faltam recursos comunicativos<br />
exigências da situação<br />
para construir sua fala monitorada. É por isso que a<br />
social.<br />
escola precisa empenhar-se na ampliação dos<br />
recursos comunicativos dos alunos. Dispondo de uma<br />
gama mais ampla de recursos comunicativos, os<br />
alunos, sempre que precisarem, saberão monitorar sua<br />
fala, ajustando-se às expectativas de seus<br />
Por ser prescritivista, a<br />
interlocutores e às normas sociais que determinam<br />
gramática normativa não<br />
como as pessoas devem comportar-se em cada<br />
leva em conta se uma forma<br />
situação. Ao fazerem isso estarão seguindo normas<br />
lingüística é adequada ou<br />
sociais e serão bem recebidos pelos seus<br />
não a uma situação. Impõe<br />
interlocutores. Lembre-se de que as normas sociais<br />
uma forma, considerada<br />
correta e rejeita as formas<br />
que definem um comportamento lingüístico adequado<br />
concorrentes, que passam a<br />
podem ser implícitas, isto é, fazem parte das crenças<br />
ser consideradas erro.<br />
e dos valores que as pessoas têm. Mas podem ser<br />
explícitas também. É o caso das normas gramaticais,<br />
que são explícitas. Mas não podemos nos esquecer de<br />
que as gramáticas normativas não admitem flexibilidade. Não levam em conta a noção de<br />
adequação. São prescritivas: abonam uma forma considerada correta e rejeitam as que são<br />
consideradas erro. Neste programa não estamos trabalhando com essa postura prescritivista.<br />
Vemos os usos da língua sempre em função de sua adequação à situação de fala.<br />
Reflexão sobre a integração dos saberes<br />
da oralidade na construção da escrita<br />
Estamos vendo que os alunos, desde as suas<br />
primeiras vivências no ambiente escolar, são<br />
falantes competentes, que se comunicam bem.<br />
Alguns são mais tagarelas que outros mas, de modo<br />
geral, na fala de todos eles, refletem-se as<br />
características da modalidade oral do português do<br />
Brasil e, de um modo mais específico, as<br />
Aqui estamos vendo que a<br />
competência na língua oral<br />
é um recurso importante<br />
na aprendizagem<br />
da língua escrita.<br />
características de seu grupo social. Essa competência que têm no uso da língua oral forma um<br />
conjunto de saberes a que os alunos recorrem quando começam a aprender a ler e escrever. A<br />
leitura e a escrita são processos criativos. Quando estão lendo ou escrevendo os alunos<br />
constroem hipóteses sobre como ler e escrever, levando em conta o conhecimento que já têm da<br />
língua. Nos textos que produzem encontramos muitas informações sobre esse processo de<br />
reflexão e de construção de hipóteses sobre a língua escrita. Vejamos por exemplo estes dois<br />
textos produzidos, no final do ano letivo, por uma aluna da primeira série da professora cujo<br />
trabalho estamos comentando:<br />
“Domingo nos fomu noclubi do sesi la tinha toboagua, pissina comi sanduixi fui com<br />
meu pai minha mãe e minha irmã esse parçeio foi legau.”<br />
“Nos demos um celular depresente para mamãe no dia das mães ela ficou alegre<br />
avovo fez macarão e feijão, aroz pudim e muce demaracuja foi a sobremesa.”