Alfabetização, Letramento - Inep
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existentes em cada escola do país. Também precisamos considerar que as resenhas publicadas<br />
no Guia oferecem um conjunto de informações importantes sobre as características pedagógicas<br />
e editoriais das obras, mas não explicam para que tipo de docente ou de comunidade escolar o<br />
livro é indicado. Além disso, não são capazes de prever sua adequação para as diferentes<br />
realidades educacionais existentes nas escolas públicas do país. As avaliações também não dão<br />
conta dos descompassos existentes entre as teorias mais atualizadas sobre ensino da leitura e da<br />
escrita e a realidade das práticas de ensino existentes nas diferentes localidades brasileiras.<br />
Portanto, a decisão sobre a qualidade do livro didático é indiscutivelmente dos professores e<br />
professoras e da escola.<br />
Desse modo, reconhecemos os méritos da avaliação do MEC, no sentido de retirar do mercado<br />
os livros de baixíssima qualidade e incentivar a produção de obras mais atualizadas, mas temos<br />
que questionar as contradições que existem entre as expectativas de quem avalia e de quem usa<br />
os livros nas escolas. Será que um dos problemas é o perfil de quem avalia?<br />
Sabemos que embora alguns pareceristas que avaliam os livros didáticos para o MEC atuem no<br />
Ensino Médio e Fundamental, a maioria dos avaliadores é formada por professores e<br />
professoras universitários. Alguns críticos ao PNLD acusam que muitos desses profissionais<br />
estão distantes da sala de aula, imersos em pesquisas de ponta na área do ensino da leitura e<br />
escrita. Não seria, então, o caso de se criar uma cultura de avaliação permanente que envolvesse<br />
todos os docentes dos ensinos Fundamental e Médio? Ou seja, as escolas, representadas pelos<br />
seus diferentes profissionais, deveriam se envolver de forma mais organizada no processo de<br />
avaliação de livros didáticos e, após o seu uso, socializar como avaliam essas obras junto ao<br />
MEC. Ouvir a opinião dos professores e professoras e dos demais profissionais das escolas<br />
sobre os livros didáticos adotados é de fundamental importância para que a escolha desse livro<br />
auxilie, de fato, as práticas escolares.<br />
Por todos esses motivos, é importante que a escolha do livro didático seja feita de forma<br />
criteriosa e fundamentada na competência dos professores e professoras que, juntos com os<br />
alunos, vão fazer dele um instrumento de trabalho. Nesse sentido, a tarefa dos professores e<br />
professoras de escolher o livro didático que irão utilizar no próximo ano letivo é uma<br />
responsabilidade de quem deve procurar decidir pela qualidade desse material.<br />
Alguns estudos têm procurado investigar como ocorre o processo de escolha de livros didáticos<br />
nas escolas do país e apontam algumas falhas dessa política de governo que precisam receber<br />
melhor atenção do MEC (BATISTA e VAL, 2004). Destacamos, a seguir, alguns dos argumentos<br />
mais apresentados, nas recentes interações com os professores e professoras de séries iniciais,<br />
sobre esse processo:<br />
· os livros recebidos não correspondem às escolhas originalmente feitas, por várias razões:<br />
processo acelerado de escolha; desconhecimento do Guia, das resenhas ou das próprias obras;<br />
centralização de decisões em poucas pessoas das equipes pedagógicas e rotatividade de<br />
professores e professoras na instituição;<br />
· as obras não atendem às opções metodológicas dos professores e professoras, exigindo<br />
substituição, elaboração integral ou complementar de materiais mais coerentes com sua<br />
formação e sua proposta didática para a alfabetização e séries seguintes; e<br />
· os conteúdos dos livros utilizados não correspondem à realidade cultural dos alunos ou ao<br />
perfil da turma.<br />
Como se pode constatar, a escolha e a utilização de livros didáticos ainda representam<br />
problemas e conflitos no conjunto das decisões didáticas a serem tomadas pelos professores e<br />
professoras e pelos coordenadores de séries ou ciclos iniciais.