Alfabetização, Letramento - Inep
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(ii) Dominar irregularidades ortográficas<br />
A<br />
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ew/, /iw/, /ow/, que as crianças vêem escritos ora com U, ora com L (gol/pegou; anel/céu;<br />
Brasil/partiu). Essa dificuldade pode ser bastante amenizada com a compreensão de que a<br />
terminação de todos os verbos, sem exceção, no pretérito perfeito, é sempre com U (pegou,<br />
lavou, vendeu, comeu, sorriu, caiu). Deve-se ressaltar que, para se lidar com essas<br />
regularidades nos anos iniciais da alfabetização, não é necessário envolver os alunos na<br />
memorização de conceitos gramaticais, como substantivo, verbo, sufixo ou terminação. É<br />
perfeitamente possível e proveitoso trabalhar com esses casos recorrendo aos conhecimentos<br />
lingüísticos intuitivos dos alunos e lidando com muitos exemplos e com formulações<br />
simplificadas.<br />
A partir da análise dos exemplos acima, pode-se afirmar que fazem parte da aprendizagem do<br />
aluno a compreensão e o domínio das regras que organizam as relações entre grafemas e<br />
fonemas em nosso sistema da escrita. Mas, pela complexidade da tarefa, não se pode esperar<br />
que ele descubra sozinho a chave do segredo. O trabalho pedagógico atento, explícito e<br />
sistemático é fundamental na orientação do aprendizado, e pode tornar efetivo o domínio das<br />
regularidades ortográficas até o 3º ano da Educação Fundamental.<br />
No Quadro 2, o sombreado e as letras nas linhas relativas ao domínio das regularidades<br />
ortográficas correspondem à sugestão de que esses conhecimentos sejam apenas introduzidos<br />
no 1º ano e trabalhados sistematicamente, com vistas à consolidação, nos dois anos seguintes.<br />
As maiores dificuldades para o aprendiz dominar o sistema ortográfico do português se devem<br />
ao fato de haver, por um lado, fonemas que, mesmo quando em contextos idênticos, podem ser<br />
representados por diferentes grafemas, e, por outro lado, casos em que um mesmo grafema,<br />
também em contextos idênticos, pode corresponder a diferentes fonemas. Esses casos são<br />
difíceis pela impossibilidade de se formular uma regra geral, já que não há como buscar apoio<br />
nem na posição nem no contexto.<br />
O caso mais difícil, do primeiro tipo (um fonema/vários grafemas) é o do fonema /s/ antes de<br />
vogal, que tem o maior número de possibilidades de representação escrita na língua portuguesa.<br />
No começo de palavras, este fonema pode ser grafado com a letra S (sapo, segredo, sina,<br />
sopapo, subida) e, diante de /e/ e /i/, também pela letra C (cego, ciranda). Em sílabas de meio<br />
de palavras, aumentam as possibilidades de grafia: entre vogais, o fonema /s/ pode ser escrito<br />
com C (oceano), com SS (ossada), com XC (exceto), com Ç (espaço), com SC (nascimento);<br />
antes de vogal e depois das letras N e L, o fonema /s/ pode ser escrito com o grafema C<br />
(vencem, calcem), ou S (pensem, ensaboar, valsa), ou Ç (abençoar, dançar, calça).<br />
Por sua vez, o grafema X é um bom exemplo do segundo tipo (um grafema representando<br />
vários fonemas). Entre vogais, ele pode corresponder a /z/ (exame, exemplo, executar, exíguo,<br />
êxodo) ou a /ks/ (sufixo, táxi, reflexo).<br />
Para a criança que está aprendendo: como escrever severo, sina, cebola, cidade? Como ler<br />
exame e vexame?<br />
Muitas dessas grafias serão aprendidas por memorização, sobretudo em função da alta<br />
freqüência das palavras nos textos escritos que as crianças vão ler e escrever, porque as<br />
palavras de conteúdo (substantivos, adjetivos, verbos, por exemplo) mais freqüentes<br />
normalmente são aquelas que fazem sentido, que são necessárias e compreendidas. Vê-se aqui,<br />
mais uma vez, a importância de integrar ao aprendizado do código escrito e da ortografia a<br />
dimensão semântica da língua. O professor ou a professora pode contribuir apontando esses<br />
casos, dirigindo para eles a atenção e a memória dos alunos.<br />
É possível promover jogos ortográficos, como palavras cruzadas, desafios, charadas, caça-