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Alfabetização, Letramento - Inep

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que não usam livro, pois os que têm chegado à escola não lhes parecem adequados, porque<br />

apresentam um nível muito elevado para seus alunos e são “difíceis de trabalhar”. Essas<br />

diferentes respostas se relacionam a duas questões principais: ao surgimento de um forte<br />

discurso contrário ao uso desse material e às mudanças ocorridas nos livros didáticos a partir da<br />

implantação do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) pelo MEC.<br />

Desde o final da década de 1970 assistimos à aparição de críticas severas à utilização de livros<br />

didáticos. O uso desse material passou a ser vinculado a uma “prática tradicional de ensino”,<br />

que precisaria ser “ultrapassada”.<br />

Por um lado, essa utilização foi apontada como vinculada à desqualificação profissional de<br />

professores e professoras:<br />

“Os livros didáticos criariam uma dissociação entre aqueles que executam o<br />

trabalho pedagógico – os docentes – e aqueles que o concebem, planejam e<br />

estabelecem suas finalidades – os autores de livros didáticos e as grandes<br />

editoras –, e a principal conseqüência dessa dissociação consistiria numa<br />

diminuição das exigências de formação e preparo docente” (BATISTA, 2000, p.<br />

538).<br />

Por outro lado, os livros passaram a ser criticados por apresentarem erros conceituais e por<br />

divulgarem preconceitos ou certas ideologias, revelando um ponto de vista parcial e<br />

comprometido sobre a sociedade. No que diz respeito às cartilhas, especificamente, estas<br />

receberam fortes críticas por se basearem em métodos tradicionais de alfabetização e por<br />

apresentarem falsos textos, que eram, na realidade, amontoados de frases descontextualizadas.<br />

Nessas últimas três décadas, novas concepções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa e<br />

de <strong>Alfabetização</strong> passaram a ser divulgadas/produzidas no Brasil. Estas concepções foram<br />

desenvolvidas em diferentes áreas: Pedagogia, Sociolíngüística, Psicolingüística, Análise do<br />

Discurso, etc. e tiveram um grande impacto sobre as<br />

formas como idealizamos que devam ocorrer o ensino e a<br />

aprendizagem da língua na escola. Mudanças nas<br />

práticas dos professores e professoras passaram a ser<br />

exigidas e, para que estas fossem efetivadas, seria<br />

necessário que os mestres parassem de organizar seus<br />

trabalhos a partir da utilização de livros baseados em<br />

orientações teórico-metodológicas questionadas e<br />

criticadas.<br />

Compreendendo a importância dos livros didáticos na<br />

organização da prática pedagógica do professor e da<br />

professora, e reconhecendo que muitos deles se<br />

distanciavam das propostas curriculares e dos projetos<br />

elaborados pelas Secretarias de Educação, além de<br />

serem desatualizados e apresentarem erros inaceitáveis,<br />

o MEC passou a desenvolver, desde 1995, o Programa<br />

Nacional do Livro Didático (PNLD). Os livros inscritos<br />

no programa são submetidos a um trabalho de análise e<br />

avaliação pedagógica 3 , que resulta na publicação de<br />

Vimos no Fascículo 4<br />

que, com os livros não<br />

didáticos, livros de<br />

leitura para a<br />

Biblioteca, ocorre<br />

também uma seleção e<br />

posterior distribuição<br />

por programas do MEC.<br />

Os professores e<br />

professoras, bem como<br />

a Direção, têm a<br />

importante tarefa de<br />

garantir o acesso dos<br />

alunos a estes livros.<br />

3 O trabalho de análise e avaliação pedagógica dos livros didáticos é feito por equipes de<br />

especialistas que atuam nas áreas de conhecimento básico. Responsável pela avaliação<br />

sistemática e contínua dos livros didáticos, o Programa também se encarrega da aquisição do<br />

livro e de sua distribuição às escolas públicas do Ensino Fundamental e, mais recentemente, do<br />

Ensino Médio.

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