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Alfabetização, Letramento - Inep

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22<br />

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“Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele,<br />

comendo-o, dormindo-o. E completamente acima das minhas posses (...)<br />

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois<br />

ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fecheio<br />

de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com<br />

manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por<br />

alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa<br />

clandestina que era a felicidade.” 13<br />

Na história destas duas crianças, uma que tinha muitos livros, e outra que não tinha, a leitura<br />

desempenhou um papel fundamental, transformador e lúdico. Você não acha que nossas<br />

crianças de hoje também merecem este tipo de experiência?<br />

Observe que, nas duas histórias, a leitura e o acesso aos livros se dão por intermédio de outro<br />

leitor, ou de outros leitores, que compartilham com a criança uma experiência vivida, uma<br />

história lida e apreciada. Na vida de muitas crianças, é o(a) professor(a) que desempenha esta<br />

função de apresentar-lhes os livros, ajudá-los a escolher um dentre os vários títulos, estimular a<br />

leitura de alguns livros em particular, ensinar a maneira de ter acesso aos livros, por meio das<br />

bibliotecas.<br />

Atividade de pesquisa e reflexão:<br />

Para as reflexões a respeito da prática de leitura na escola, converse com seus<br />

(suas) colegas professores(as) e com membros da comunidade escolar (por<br />

exemplo, outros funcionários da escola, pais de alunos) a respeito das histórias<br />

de leitura de cada um deles. Como foi que vocês aprenderam a ler? Que livros<br />

marcaram as suas infâncias e adolescências? Que livros vocês gostariam de<br />

compartilhar com outros leitores? Compartilhar livros é oferecer ao outro um<br />

pouco do prazer que tivemos, e também uma possibilidade de estabelecer<br />

com o outro um diálogo a partir da leitura.<br />

Neste tipo de conversa, provavelmente aparecerão práticas de leitura que<br />

historicamente foram deixadas de lado pela escola, tais como a leitura de<br />

folhetos de cordel, de fotonovelas, gibis e outras publicações. Procure prestar<br />

atenção às práticas de leitura da comunidade: isso pode ajudá-lo a planejar e<br />

a diversificar as atividades de leitura da escola, que devem servir não só para<br />

conhecer melhor a cultura local e valorizá-la, como também para ampliar o<br />

repertório de leitura dos alunos e ampliar seu acesso a outros tipos de textos.<br />

Esta tanto pode ser uma atividade prévia às aulas, feita só entre pais, professores(as) e<br />

funcionários da escola, como também pode ser feita com o envolvimento e a cumplicidade dos<br />

alunos, que assim tomarão contato com as diferentes práticas de leitura de sua família e de sua<br />

comunidade.<br />

13 LISPECTOR, Clarice. “Felicidade Clandestina” in O primeiro beijo e outros contos. Antologia. 9a<br />

ed. São Paulo: Ática, 1994. p.54-55.

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