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Alfabetização, Letramento - Inep

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Assim, que tal prestarmos atenção no que o escritor Joel Rufino tem para nos contar sobre os<br />

seus primeiros contatos com a leitura?<br />

Relato nº 4<br />

As histórias em quadrinhos, como se sabe, surgiram na imprensa americana em<br />

fins do século passado. Logo chegaram ao Brasil, mas proliferaram, de fato, após<br />

a segunda guerra. Surgem as bancas de jornal, fascinantes, oferecendo “gibis a<br />

mancheias” (...): Capitão Marvel, Flash Gordon, Brucutu, Ferdinando (...). Meu<br />

preferido era o príncipe submarino, com suas orelhas de peixe.<br />

Minha mãe proibia. Queixava-se das mesmas coisas que muitos pais de hoje<br />

com relação à televisão: estimula a violência, o sexo precoce, a<br />

superficialidade, o banditismo... Essa proibição foi o segundo fracasso de minha<br />

mãe: o gibi ganhou mais um gozo para mim, o do proibido. Eu sonhava ganhar<br />

meu primeiro salário na vida para arrematar inteira uma banca de jornal. 5<br />

E as escolas que não possuem biblioteca?<br />

E<br />

Joel Rufino<br />

Esta experiência nos ensina mais uma vez que não adianta muito ficar controlando o leitor e<br />

suas escolhas. Afinal, ele sempre encontra uma brecha para fazer suas opções de leitura e tomar<br />

a direção para o caminho que lhe pareça mais interessante.<br />

Então, será que o gibi pode fazer parte do acervo de nossa biblioteca? É recomendável para<br />

qualquer faixa etária? Outra vez, o leitor tem razão e, se queremos, de fato, estar a seu lado e<br />

ajudar a formá-lo, nada mais saudável do que lhe oferecer um cardápio bem variado e ir<br />

observando o seu crescimento, a sua fluência.<br />

Afinal, uma das piores sensações é a indigestão, não acha?<br />

Em um país como o nosso, em que a realidade é sempre mais difícil do que os planejamentos,<br />

sendo preciso, muitas vezes, fazer adaptações e mudanças temporárias, para atender a<br />

prioridades, pode acontecer de não existir uma biblioteca escolar, ou de esta precisar ser<br />

desocupada, temporariamente, para ser utilizada como sala de aula. Esta situação aconteceu<br />

duas vezes na infância de Luciana, que sempre estudou em escolas públicas:<br />

Relato nº 5<br />

Quando eu estava na quarta-série, nossa turma foi transferida para o período da<br />

tarde, e a sala por ela ocupada era a antiga biblioteca. Não fiquei sabendo onde<br />

os livros que estavam lá foram parar, mas sei que senti pelo fato de aquele lugar,<br />

onde antes cabiam todos os meus sonhos e fantasias, ser transformado em sala<br />

de aula, além de tudo apertada... Felizmente aquele arranjo durou apenas um<br />

ano, sendo que no ano seguinte os livros voltaram para lá, magicamente!<br />

Na segunda escola, onde fiz o colegial, hoje chamado Ensino Médio, tive outra<br />

5 RUFINO, Joel. Depoimento. In: CONDINI, Paulo e PRADON, Jason. A formação do<br />

leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999, p. 91.<br />

13<br />

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