Alfabetização, Letramento - Inep
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texto é um procedimento importante nesse momento, que favorece a produção de sentido e<br />
contribui para a formação do aluno como leitor. Essa é uma prática que deve estar presente<br />
desde os primeiros dias do Ensino Fundamental, quando o professor ou a professora lê em voz<br />
alta para os alunos, até depois da conclusão da trajetória escolar.<br />
(iii) Levantar e confirmar hipóteses relativas ao conteúdo<br />
do texto que está sendo lido<br />
U<br />
Um dos componentes da capacidade de ler com compreensão é a estratégia de ler com<br />
envolvimento, prevendo o que o texto ainda vai dizer e verificando se as previsões se<br />
confirmam ou não. O leitor interessado e cuidadoso não levanta qualquer hipótese, a troco de<br />
nada. Suas previsões se baseiam em elementos do texto – informações, modo de dizer do<br />
narrador ou dos personagens, insinuações do autor, sinais de pontuação. Baseiam-se também<br />
em inter-relações que ele (leitor) estabelece entre esse texto e outros que conhece, ou entre esse<br />
texto e situações que já vivenciou. Esse jogo de levantar e confirmar hipóteses pode começar<br />
antes da leitura e em geral percorre todo o processo – mesmo sem que o leitor perceba que está<br />
fazendo isso. Assim, em sala de aula, o professor ou a professora pode tornar explícito esse<br />
procedimento, por exemplo, interrompendo no meio a leitura de uma história (ou de outro<br />
gênero de texto) e perguntando aos alunos o que eles acham que vai acontecer, como o texto vai<br />
prosseguir, e por que pensam assim (a partir de que elementos textuais têm essa opinião).<br />
Assim, levantando e checando hipóteses interpretativas, a classe vai produzindo o indispensável<br />
“fio da meada”, que permite ao leitor compreender o texto.<br />
(iv) Buscar pistas textuais, intertextuais e contextuais para ler nas entrelinhas<br />
(fazer inferências), ampliando a compreensão<br />
U<br />
Um saber importante que integra a capacidade de ler com compreensão diz respeito a prestar<br />
atenção nos componentes formais do texto: a) sua estrutura composicional, isto é, sua<br />
organização em partes; b) os recursos lingüísticos que emprega (por exemplo: se usa o discurso<br />
direto ou discurso indireto; se usa muitos diminutivos; em que tempo estão os verbos que<br />
utiliza; se usa gíria, ou uma linguagem coloquial, ou linguagem muito culta; se tem mais frases<br />
curtas ou mais frases longas); c) os recursos expressivos e literários a que recorre, como rimas,<br />
linguagem figurada, jogos de palavras, etc. Tudo isso – a estrutura composicional, os recursos<br />
lingüísticos e os literários – são elementos importantes da construção do sentido dos textos e da<br />
capacidade de ler com compreensão.<br />
Nesse trabalho de construir sentido produzindo inferências, os alunos podem se lembrar de<br />
outros textos conhecidos, construindo pontes intertextuais, e também utilizar-se de<br />
conhecimentos que já têm (do tema, da sociedade em geral, da língua, de sua própria<br />
experiência de vida). Ler nas entrelinhas, produzindo inferências é o jeito mais completo e mais<br />
gostoso de ler, porque proporciona ao leitor o prazer da descoberta, o sentimento de ser<br />
cúmplice do autor. É o que possibilita ao leitor dizer consigo mesmo: “Ah, então é isso!... Bem<br />
que eu desconfiei...” Os leitores iniciantes, ainda muito dependentes do processo de<br />
decodificação, precisarão mais da orientação do professor ou da professora para realizar<br />
inferências. Pode-se, por exemplo, recomendar-lhes buscar pistas auxiliares, como palavras em<br />
destaque, formatos gráficos e ilustrações; outras vezes poderá fazer uma leitura expressiva e<br />
completa do texto, com o objetivo de dirigir o foco para alguns elementos-chave para a<br />
compreensão.<br />
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