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Alfabetização, Letramento - Inep

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3. O Livro Didático de Língua Portuguesa das séries<br />

iniciais do Ensino Fundamental e as<br />

mudanças no foco do ensino-aprendizagem<br />

S<br />

Unidade II<br />

Se o Livro Didático de Língua Portuguesa (LDLP) ocupa um lugar tão significativo na sala de<br />

aula, é fundamental que continue a ser descrito, debatido, avaliado, como forma de contribuição<br />

à melhoria de sua qualidade e de oferta de subsídios ao professor e à professora no processo de<br />

avaliação e seleção da coleção a ser utilizada no ambiente escolar. Além disso, a análise do<br />

livro didático permite não apenas que se dimensione o que se entende, hoje, por “saber língua<br />

portuguesa”, mas também que se entre em contato com os conteúdos, habilidades e<br />

competências considerados como os mais importantes de serem ensinados/aprendidos, no que<br />

diz respeito à língua materna. Mais do que isso, uma análise das coleções de LDLP publicadas<br />

desde meados dos anos noventa permite a visualização das mudanças que se tem buscado<br />

introduzir no estudo da Língua Portuguesa na escola, tanto do ponto de vista teórico quanto<br />

prático, ao longo dos últimos anos. Tal como no caso dos Livros Didáticos de <strong>Alfabetização</strong>,<br />

essas mudanças, ao lado da contribuição exercida pelas pesquisas advindas das áreas da<br />

Linguagem e da Educação, foram fortemente influenciadas pela avaliação de obras didáticas<br />

efetuada pelo PNLD, sob a coordenação do Ministério da Educação (MEC), como veremos a<br />

seguir.<br />

No que tange às pesquisas, é importante lembrar que os estudos lingüísticos de base enunciativa<br />

e sociointeracionista redimensionaram, entre outras, as concepções de língua, gênero textual e<br />

texto. Assim, em lugar de uma idéia de língua como algo pronto, acabado e transparente, a<br />

língua é vista agora como atividade histórica e situada, na qual se acham envolvidos os<br />

usuários para construir e reconstruir permanentemente uma versão pública do mundo. A<br />

concepção de gênero textual, por sua vez, impôs-se, sobretudo, com base nas contribuições de<br />

BAKHTIN (1997). Na linha de reflexão inaugurada por esse autor, gêneros textuais (como, por<br />

exemplo, cartas, listas, folhetos, diários, reportagens, rezas, cantos) são vistos como formas<br />

culturais e cognitivas de ação social da linguagem e revelam-se sensíveis à realidade histórica e<br />

às diversas formas de comunicação existentes. Os gêneros sempre se realizam mediante textos<br />

e não como elementos lingüísticos isolados e estanques. Por isso mesmo, o texto (oral e escrito)<br />

é percebido como um processo, um uso coletivo da língua, e não como um produto, formado a<br />

partir de um conjunto aleatório de frases isoladas.<br />

Em decorrência, entende-se que o sentido textual não está inscrito na superfície do texto, nem<br />

pode ser pré-estabelecido pelo autor/falante ou imposto pelo leitor/ouvinte, mas está em<br />

permanente negociação no espaço social. Os efeitos de sentido de um texto constroem-se na<br />

interação e são fruto das ações realizadas pelos usuários nas atividades de linguagem, tendo em<br />

vista o contexto sociocultural em que os mesmos se acham inseridos.<br />

Ao serem didatizadas, para a sala de aula, as noções acima destacadas tiveram enorme<br />

repercussão no encaminhamento das atividades de leitura e produção de textos orais e escritos,<br />

bem como no estudo dos fenômenos lingüísticos e, por isso mesmo, impuseram significativas<br />

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