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Alfabetização, Letramento - Inep

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3.5 “Erros” mais comuns no processo de alfabetização<br />

e possíveis causas dessas ocorrências gráficas<br />

A<br />

A tipologia apresentada pelo mencionado autor pode possibilitar-lhe a identificação das<br />

possíveis causas de alguns “erros” e, conseqüentemente, orientá-lo na organização de<br />

atividades sistematizadas que ajudem os alunos no entendimento das diferentes relações entre<br />

fonemas e letras, entre a oralidade e a escrita. Dentre os tipos de “erros” citados pelo autor,<br />

destacam-se os seguintes:<br />

1) Transcrição fonética - consiste na reprodução literal da fala, como se pode observar<br />

nestas frases: Na iscola estou aprendendo muitas coisas.; ...fomos andar de bicicleta no<br />

asfauto. 6<br />

2) Dialetação - neste caso, a escrita também se baseia na fala, mas em uma variedade ou<br />

dialeto praticado pelos grupos socialmente desprestigiados: O susto que levemo foi de varde<br />

(O susto que levamos foi debalde.); Então ele puxo a carsa do amigo (Então ele puxou a<br />

calça do amigo.).<br />

3) Juntura vocabular ou hiposegmentação – também reflete influência da fala, que não<br />

mostra à criança como separar as palavras de uma expressão ou de um enunciado, como<br />

evidenciam os exemplos: Ele dizia tocumfomi (Ele dizia estou com fome.); Eraumaveiz eu<br />

fui caminha mãe... (Era uma vez eu fui com a minha mãe...).<br />

4) Separação indevida ou hipersegmentação – decorre, provavelmente, do fato de as<br />

crianças já conhecerem parte da palavra como vocábulo autônomo: De pois fui para casa.<br />

(Depois fui para casa.); Fiquei com tente com o presente que ganhei do meu pai. (Fiquei<br />

contente com o presente que ganhei do meu pai.).<br />

5) Hipercorreção - como conseqüência da ênfase exagerada que se dá a certas correções,<br />

a criança acaba generalizando os critérios utilizados e usando-os, indevidamente, em outras<br />

situações: Minha filia, porque você fez isso? – a grafia de filia decorreu, provavelmente,<br />

da correção de alguma palavra escrita, equivocadamente, com lh (como familha, por<br />

exemplo); Papai estava olhando douas garotas. – neste caso, é possível que a autora tenha<br />

tomado como base para a escrita douas a correção de palavra em que se suprimiu a<br />

semivogal do ditongo: poco (pouco), por exemplo.<br />

6) Troca, omissão ou acréscimo de letras - como no nosso sistema de escrita nem sempre<br />

se cumpre o já mencionado princípio das escritas alfabéticas, muitos “erros” de grafia advêm<br />

das irregularidades do próprio sistema, como já se comentou. É o caso, por exemplo, de<br />

grafias como sidade (cidade), jelo (gelo), pisina (piscina), charope (xarope), oje (hoje), etc.<br />

Numa ação previamente planejada, a produção e a reestruturação de textos precisam ser<br />

trabalhadas em um processo que implica construções e reconstruções, nas quais o “erro” será<br />

visto não só como indício de possíveis dificuldades do aluno, mas também como resultado de<br />

um momento reflexivo que, apesar de equivocado em dada situação, pode ser repensado e<br />

realimentado, com a mediação do professor.<br />

Essa mediação, que consiste na ligação entre os elementos de ensino – professor, aluno e<br />

conhecimento – pode ser realizada através de situações didáticas que envolvem, por exemplo,<br />

a leitura e análise de textos de diferentes gêneros, para que os alunos, ao refletirem<br />

sobre as estratégias textuais, tenham boas referências para suas produções; a utilização de<br />

textos em quadrinhos, os quais constituem instrumental eficiente para auxiliar as crianças<br />

6 Todos os exemplos apresentados foram retirados de textos produzidos por alfabetizandos.<br />

39<br />

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