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Alfabetização, Letramento - Inep

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Em uma pesquisa recente, MORAIS, ALBUQUERQUE e FERREIRA (2005) realizaram um<br />

cuidadoso trabalho de categorização das atividades/tarefas propostas em seis livros didáticos de<br />

alfabetização que eram voltados ao ensino do sistema de escrita alfabética (3 livros<br />

classificados como “recomendados” e 3 livros classificados como “recomendados com<br />

ressalvas”). O que eles constataram? O quadro a seguir apresenta algumas conclusões:<br />

1. Se os Livros Didáticos de <strong>Alfabetização</strong> (LDA) tinham muitas tarefas de leitura<br />

e produção de textos, ao desejar ensinar o Sistema de Escrita Alfabética (SEA),<br />

seus autores privilegiavam atividades que tinham a “palavra” ou “letras” como<br />

unidades principais. Com exceção de um Livro Didático (recomendado com<br />

ressalvas), parecia existir um interesse de não usar sílabas como unidades nos<br />

exercícios, talvez a fim de diferenciar-se das antigas cartilhas.<br />

2. Os LDA não promoviam sistematicamente a reflexão metalingüística 6 dos<br />

alunos. Eram poucos (ou ausentes) os exercícios que propiciavam às crianças<br />

o desenvolvimento da consciência fonológica. Na maioria dos livros havia<br />

poucas tarefas que envolviam, por exemplo, a identificação ou produção de<br />

rimas e aliterações, a partição, contagem e comparação de palavras quanto<br />

ao número de sílabas. Isto pareceu um ponto preocupante, já que sabemos o<br />

quanto tais atividades são essenciais para a apropriação do SEA.<br />

3. Na mesma direção, os LDA exploravam pouco os textos curtos (como travalínguas,<br />

parlendas e quadrinhas) que são adequados para a promoção da<br />

consciência fonológica e que, por serem facilmente memorizados, ajudam o<br />

aluno a refletir sobre as relações entre partes escritas e faladas das palavras.<br />

4. Embora os autores dos LDA se declarassem adeptos da teoria construtivista e<br />

muitos mencionassem a teoria da psicogênese da escrita, observou-se que as<br />

atividades propostas muitas vezes desconsideravam a heterogeneidade dos<br />

alunos, quanto ao nível de compreensão do SEA. Alguns dos LDA<br />

recomendados com ressalvas não estimulavam a produção escrita<br />

espontânea, por meio de tarefas onde os alunos (que ainda não<br />

desenvolveram uma hipótese alfabética, nem dominaram as convenções somgrafia)<br />

pudessem revelar seus níveis de psicogênese da escrita. Havia em<br />

certos casos um evidente controle, no sentido de as tarefas pressuporem a<br />

produção de escritas únicas, convencionais e corretas.<br />

5. Havia uma certa uniformização nos LDA, quanto a iniciarem com tarefas de<br />

exploração dos nomes próprios, seguindo certa tendência já praticada em<br />

escolas da rede privada, que cedo tentaram didatizar a teoria da Psicogênese<br />

da Escrita. Dois aspectos, porém, tornavam-se geralmente dominantes: a) a<br />

6 As habilidades de reflexão metalingüística referem-se à capacidade do indivíduo tomar a<br />

linguagem como um objeto sobre o qual pode refletir conscientemente e não apenas usá-la<br />

para se comunicar. Para compreender a escrita alfabética é fundamental que a criança<br />

desenvolva as habilidades que lhe permitem refletir sobre os segmentos sonoros das palavras<br />

(sendo capaz, por exemplo, de contar suas sílabas orais, observar a existência de sílabas ou<br />

fonemas idênticos, comparar palavras quanto ao seu tamanho ou semelhança sonora etc.). Isto<br />

é o que muitos estudiosos têm chamado de consciência fonológica.<br />

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