Alfabetização, Letramento - Inep
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escrita ocupa, em seqüência, a frente e o verso da folha de papel; escreve-se dentro das<br />
margens, a partir da margem esquerda. A compreensão desse princípio convencional básico –<br />
que abrange a ordenação das letras nas palavras – é indispensável para o aluno desvendar os<br />
segredos da escrita alfabética.<br />
O avanço tecnológico e as necessidades sociais de comunicação impulsionaram o surgimento<br />
de alguns gêneros de texto que, eventualmente, modificam a orientação convencional da<br />
escrita. Isso pode acontecer, por exemplo, em textos veiculados pelo computador, sobretudo na<br />
Internet, nas propagandas impressas e televisivas, nos textos literários. Os diversos formatos<br />
desses textos sugerem diferentes maneiras de se ler: de baixo para cima, de um lado qualquer<br />
para o outro. Ou seja, excepcionalmente, a direção da escrita pode variar, dependendo do<br />
gênero do texto e do suporte em que ele circula. Os alunos precisam, então, perceber e aprender<br />
a lidar com essas diferentes formas de ler em suas práticas cotidianas de leitura, o que constitui<br />
um item importante do seu conhecimento da cultura escrita. Para aprender a ler, os alunos<br />
devem saber, logo no início de sua aprendizagem, em que direção a escrita se orienta. É bom<br />
que eles comecem por perceber e aprender a direção convencional e que, aos poucos, possam<br />
analisar outras disposições da escrita, em diferentes materiais. Num momento posterior do<br />
processo, um objetivo a alcançar será, por exemplo, ensinar aos alunos os princípios direcionais<br />
da leitura de gráficos e tabela.<br />
No início do processo, uma atividade que contribui para o aprendizado da orientação e do<br />
alinhamento convencionais é a leitura em voz alta pelo professor ou pela professora,<br />
assinalando com o dedo ou com uma régua (na lousa ou no quadro) as linhas dos textos que lê,<br />
para que os alunos observem a direção da leitura. Nesse caso, os alunos têm um modelo e uma<br />
oportunidade para que observem a relação existente entre o que se lê e os signos escritos<br />
presentes no texto. Progressivamente, os alunos deverão ganhar autonomia, lendo por conta<br />
própria textos que ocupam linhas inteiras ou que se organizam em colunas, além de poemas de<br />
diferentes configurações.<br />
(ii) Compreender a função de segmentação dos espaços em branco<br />
e da pontuação de final de frase<br />
Tanto a fala quanto a escrita são produzidas em seqüência linear, isto é, “som” depois de<br />
“som”, ou letra depois de letra, palavra depois de palavra, frase depois de frase. Mas um dos<br />
pontos fundamentais no início da alfabetização é compreender que essa linearidade acontece de<br />
maneira diferente na fala e na escrita. Para quem já sabe ler, esse conhecimento parece muito<br />
simples e é acionado quase que de forma automática. No entanto, para um aprendiz iniciante, as<br />
questões decorrentes desse fato podem não ter sido ainda percebidas e representar grande<br />
dificuldade.<br />
Em geral, os enunciados da fala parecem aos ouvidos uma cadeia contínua, em que não se<br />
distinguem nitidamente os limites entre as palavras. Quando falamos, articulamos consoantes e<br />
vogais, mas a intenção de nos comunicar com o outro, num determinado contexto, nos leva a<br />
marcar a seqüência sonora com determinada entonação e determinado ritmo, enfatizando<br />
determinadas palavras ou expressões. Na fala de todo dia, que é a que a criança domina,<br />
emendamos palavras (ex.: casamarela), deixamos de pronunciar algumas palavras ou partes de<br />
palavras (por exemplo, numa pronúncia bem comum em Minas Gerais: “Guardei a fita denda<br />
gaveta” – ao invés de “dentro da gaveta”).<br />
Quando escrevemos, grafamos as palavras “por inteiro”, de acordo com as convenções<br />
ortográficas, e as separamos nitidamente por espaços em branco. A delimitação das palavras<br />
por espaços em branco, bem como a delimitação de frases ou partes de frases por sinais de<br />
pontuação (pontos e vírgulas) e a delimitação de conjuntos de frases pela paragrafação, tudo