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Alfabetização, Letramento - Inep

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Relato nº 12<br />

Quando tinha dez anos de idade, fui à biblioteca da escola pra escolher um<br />

livro. Gostei de Cinco semanas num balão, de Júlio Verne. Como sempre<br />

adorei histórias sobre viagens, imaginei que aquele livro me traria a<br />

oportunidade de fantasiar, “viajar” na leitura e no balão. Mas, quando quis<br />

retirá-lo, a bibliotecária me disse que aquele era “muito grosso” pra mim. Então<br />

resolvi trocá-lo por outro mais “fininho”, só que em minha opinião muito menos<br />

interessante. (Lígia, professora do Ensino Fundamental.)<br />

Se o profissional da biblioteca não tivesse reparado na quantidade de páginas do livro, a garota<br />

tentaria lê-lo. Este depoimento mostra que muitas vezes a intervenção do adulto pode atrapalhar<br />

a livre fruição do texto; pois, se a criança estiver motivada, interessada pela história, não vai se<br />

importar com o seu tamanho.<br />

Uma vez feita a primeira parte que é a escolha de um livro, temos uma estratégia de levar o<br />

aluno a contar a história para a classe. Essa alternativa é muito válida, pois contar e ouvir<br />

histórias são hábitos que sempre fascinaram o ser humano. E quando, em vez de preencher uma<br />

ficha de leitura, a criança tem a oportunidade de compartilhar seu prazer com os colegas, pode<br />

despertar o interesse dos outros em relação à obra mencionada.<br />

Estas sugestões são válidas para qualquer faixa de idade, e, quando a criança ainda não sabe ler,<br />

quem pode despertar este interesse é o(a) professor(a). Além disso, a criança não alfabetizada<br />

poderá ler as imagens dos textos e fazer sua interpretação.<br />

Você pode começar sendo o(a) “contador(a) de histórias” da classe24 . Na ficção, Monteiro<br />

Lobato colocou em vários livros a personagem Dona Benta como contadora de histórias. Em<br />

suas obras, primeiramente as crianças manifestavam interesse pelas histórias e até reclamavam<br />

quando Dona Benta não tinha o que contar. Nas obras D. Quixote das Crianças, História do<br />

mundo para as crianças, Peter Pan e Hans Staden, temos a motivação para a história partindo<br />

não de Dona Benta, mas daqueles que desempenham o papel de ouvintes. E Dona Benta, como<br />

boa professora, sempre corresponde ao desejo de conhecimento das crianças. Em D. Quixote<br />

das crianças, Emília e Visconde, ao passarem pela biblioteca, se interessam pelo grande<br />

volume de Cervantes. Depois de derrubar o livro da estante, amassando o Visconde, Emília<br />

pede a Dona Benta que conte a história que estava dentro dele. Outro exemplo lobatiano é o do<br />

livro aberto, de onde fogem as personagens. 25 Com o livro fechado, elas ficavam trancadas;<br />

depois de aberto o livro, elas podem interagir com seus “leitores”, que passam à categoria de<br />

parceiros de aventuras.<br />

Você pode também fazer em sua sala de aula a “hora do conto”. Para isso, selecione um<br />

momento da aula para ler com a classe, seja um conto, uma crônica, um poema, um livro inteiro<br />

com pouco texto e muitas ilustrações... Mas é interessante que também exercite com os alunos a<br />

leitura de obras mais extensas. Neste caso, escolha trechos que achar mais interessantes e leiaos<br />

para seus alunos, despertando seu interesse para conhecer o resto da história. Ou ainda leia a<br />

cada dia um pedaço da história, fazendo suspense para o capítulo do dia seguinte.<br />

24 Ver, a esse respeito, o livro de Betty Coelho, Contar histórias, uma arte sem idade São Paulo:<br />

Ática, 1995. A autora relata sua experiência, dando alguns exemplos de como contar histórias.<br />

25 Veja no site http://www.cosmo.com.br/galeria/lobato/texto/imag1.shtml esta situação<br />

(personagens que fogem do livro aberto) na ilustração de G. Villin para a primeira edição de<br />

Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, 1931.

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