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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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exercidas <strong>de</strong> modo regular, ao longo <strong>de</strong> todo o a<strong>no</strong>. Como se po<strong>de</strong> ver na discussão<br />

apresentada em seguida, os valores mais elevados <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>humana</strong> do<br />

<strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> obtidos em meses <strong>de</strong> Verão parecem estar directamente<br />

relacionados com o facto <strong>de</strong> ser nesta estação a<strong>no</strong> que há mais pessoas a utilizar o <strong>litoral</strong>,<br />

<strong>no</strong>meadamente em activida<strong>de</strong>s recreativas. Esta relação sugere que a componente<br />

recreativa e lúdica das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> é<br />

importante, sobretudo durante o Verão. No entanto, a regularida<strong>de</strong> intra-anual <strong>de</strong>stas<br />

activida<strong>de</strong>s também sugere que po<strong>de</strong>m ser importantes para a subsistência alimentar <strong>de</strong><br />

pessoas que vivem nesta região costeira, e que o aproveitamento comercial <strong>de</strong> alguns dos<br />

recursos vivos explorados, <strong>no</strong>meadamente do percebe, do sargo, do robalo, do polvo e da<br />

navalheira, também po<strong>de</strong> ser importante.<br />

É provável que a maior frequência dos padrões quantitativos referidos esteja<br />

relacionada com a maior adversida<strong>de</strong> do clima atmosférico e marítimo que caracteriza os<br />

meses <strong>de</strong> Inver<strong>no</strong>, sobretudo em relação ao Verão (Costa, 1994; Antunes e Pires, 1998).<br />

Com efeito, foram registados, <strong>no</strong> presente trabalho, valores mais elevados <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> do<br />

vento e <strong>de</strong> nebulosida<strong>de</strong> durante o Inver<strong>no</strong>, e, pontualmente, <strong>de</strong> agitação marítima e <strong>de</strong><br />

turbi<strong>de</strong>z da água do mar nesta estação do a<strong>no</strong>. Esta hipótese é reforçada pelo facto <strong>de</strong><br />

terem sido negativos todos os coeficientes <strong>de</strong> correlação significativos obtidos entre as<br />

variáveis climatéricas e a intensida<strong>de</strong> das activida<strong>de</strong>s amostradas.<br />

Para além <strong>de</strong> se verificar, <strong>no</strong> Verão, maior frequência <strong>de</strong> condições climatéricas<br />

favoráveis ao exercício <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exterior, também é durante esta estação do<br />

a<strong>no</strong> que a procura comercial e o consumo <strong>de</strong> marisco e <strong>de</strong> peixe é maior (<strong>no</strong> caso do<br />

percebe, ver Baptista, 2001 e Jesus, 2003), e que existem mais pessoas em férias (DGT,<br />

2001, 2002). Estas mesmas razões climatéricas e <strong>de</strong> ocupação <strong>humana</strong> são invocadas por<br />

Durán e outros (1987) para explicar o registo, <strong>no</strong>s meses <strong>de</strong> Verão, <strong>de</strong> uma maior<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> recursos vivos em litorais <strong>rochoso</strong>s do Chile central. Do<br />

mesmo modo, outros autores referem também a observação, em climas temperados, <strong>de</strong> um<br />

maior número <strong>de</strong> utilizadores do <strong>litoral</strong> durante o Verão, comparando com outras estações<br />

do a<strong>no</strong>, quer seja em activida<strong>de</strong>s exclusivamente lúdicas ou <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> recursos<br />

vivos (van Herwer<strong>de</strong>n e outros, 1989; Kingsford e outros, 1991; van Herwer<strong>de</strong>n e Griffiths,<br />

1991; Un<strong>de</strong>rwood, 1993; Lasiak, 1993a, 1997; Rius e Cabral, em publicação; ver também<br />

revisão <strong>de</strong> Hockey, 1994).<br />

Dos trabalhos consultados, Kyle e outros (1997) é o único em que foi registado um<br />

padrão contrário: em litorais <strong>rochoso</strong>s sul-africa<strong>no</strong>s da região <strong>de</strong> Kwazulu-Natal, tanto o<br />

esforço huma<strong>no</strong> como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marisco capturada foram maiores <strong>no</strong> Inver<strong>no</strong> que <strong>no</strong><br />

Verão. Segundo estes autores, os mariscadores <strong>de</strong>sta região <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do marisqueio e da<br />

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