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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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verrucosa, tendo sido Ralfsia um dos dois géneros <strong>de</strong> algas encrustantes moles que foi mais<br />

abundante <strong>no</strong>s territórios alimentares individualmente amostrados. No entanto, como refere<br />

Santelices (1992), vários tipos <strong>de</strong> algas po<strong>de</strong>m sobreviver à passagem pelo tubo digestivo<br />

<strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong> herbívoros, incluindo <strong>de</strong> lapas, embora Ralfsia seja frequentemente<br />

ingerida e consumida por lapas (Branch, 1975b, 1981; Steneck e Watling, 1982; Godoy e<br />

More<strong>no</strong>, 1989; Branch e outros, 1992; Santelices, 1992) e a sua abundância tenha sido<br />

afectada em diversos estudos experimentais <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong>stes moluscos (positivamente:<br />

Dethier, 1981, Jernakoff, 1983, Dye, 1993, Boaventura e outros, 2002a; negativamente:<br />

Williams, 1993; positiva ou negativamente, consoante a escala espacial ou temporal: Bulleri<br />

e outros, 2000), existindo até duas espécies <strong>de</strong> lapa (Patella longicosta e P. tabularis) que<br />

tratam dos seus territórios com Ralfsia verrucosa como se fossem “jardins” (“gar<strong>de</strong>ning”;<br />

Branch, 1975c, 1981; Branch e outros, 1992; ver adiante). Com efeito, embora possa ser<br />

ingerida e consumida por lapas, Ralfsia é uma alga encrustante e, como tal, possui <strong>de</strong>fesas<br />

morfológicas e químicas que lhe po<strong>de</strong>m conferir alguma resistência à herbivoria <strong>de</strong><br />

moluscos intertidais (Steneck e Watling, 1982; Bertness e outros, 1983; Branch e outros,<br />

1992) mas, por outro lado, a sobrevivência <strong>de</strong>sta alga <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da activida<strong>de</strong> alimentar das<br />

lapas pois é inferior, em termos competitivos, com algas folhosas <strong>de</strong> que as lapas se<br />

alimentam e que po<strong>de</strong>m assentar e crescer sobre a superfície exposta se estes herbívoros<br />

não as consumirem ou removerem (Dethier, 1994; ver revisão <strong>de</strong> Hodgson, 1999 <strong>no</strong> caso <strong>de</strong><br />

Siphonaria versus Ralfsia; Bulleri e outros, 2000). Numa experiência <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> lapas<br />

(P. ulyssiponensis e P. rustica) em níveis médios <strong>de</strong> maré <strong>de</strong> molhes artificiais, Bulleri e<br />

outros (2000) observaram que os efeitos das lapas na abundância <strong>de</strong> Ralfsia po<strong>de</strong>m oscilar<br />

entre uma interacção indirecta e positiva, caso estejam presentes algas filamentosas, e um<br />

efeito directo e negativo, que apenas ocorre na ausência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> algas folhosas. Por<br />

outro lado, Fletcher (1975, citado por Branch, 1981) nunca observou outra alga encrustante<br />

a cobrir Ralfsia, tendo sugerido que esta alga po<strong>de</strong> possuir proprieda<strong>de</strong>s antibióticas que<br />

inibem o crescimento <strong>de</strong> outras algas.<br />

É possível que efeitos semelhantes também se verifiquem em Nemo<strong>de</strong>rma<br />

tingitana, a outra alga encrustante mole abundantemente observada <strong>no</strong>s mesmos territórios<br />

e que, em conjunto com Ralfsia, apenas ocorre em territórios alimentares <strong>de</strong> lapas <strong>no</strong>s<br />

níveis inferiores <strong>de</strong> maré on<strong>de</strong> este estudo foi realizado (Saú<strong>de</strong>, 2000; observações<br />

pessoais). Ligeiramente acima <strong>de</strong>stes níveis dominados por algas folhosas, numa zona <strong>de</strong><br />

transição para os níveis on<strong>de</strong> a cobertura do substrato duro emergente (emerso durante a<br />

baixa-mar) é dominada por cracas do género Chthamalus, Saú<strong>de</strong> (2000) observou uma<br />

abundância maior <strong>de</strong> algas encrustantes, sobretudo moles, e uma me<strong>no</strong>r abundância <strong>de</strong><br />

algas folhosas, praticamente não observadas em níveis <strong>de</strong> maré superiores. Nesta zona <strong>de</strong><br />

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