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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Na literatura consultada, não foi encontrado algum trabalho on<strong>de</strong> tivesse sido<br />

testada a variação entre a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> litorais<br />

<strong>rochoso</strong>s. Num trabalho sobre a pesca artesanal local na costa continental portuguesa,<br />

Franca e outros (1998) referem que “Na orla costeira <strong>de</strong> natureza rochosa o marisqueio é<br />

predominantemente dirigido a percebes e a mexilhões e, ocasionalmente, a lapas e ao<br />

ouriço-do-mar...”. No entanto, estes autores não apresentam alguns dados quantitativos<br />

nem a forma como foi obtida esta informação. De qualquer modo, se esta classificação<br />

correspon<strong>de</strong>r à realida<strong>de</strong> global da costa continental portuguesa, o marisqueio exercido <strong>no</strong><br />

<strong>litoral</strong> alenteja<strong>no</strong> incidiu <strong>de</strong> modo diferente sobre as diferentes presas, tendo em<br />

consi<strong>de</strong>ração os resultados do presente estudo sobre a sua intensida<strong>de</strong>. Por um lado, o<br />

número <strong>de</strong> espécies mais capturadas foi bastante maior e, por outro, as principais presas<br />

foram diferentes. Com efeito, por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas em<br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marisqueio durante a baixa-mar, as principais presas foram (tabela 2.43):<br />

polvo e caranguejos, ouriço-do-mar, percebe, burriés, mexilhão e lapas. Mesmo que naquela<br />

afirmação os mesmos autores se referissem à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marisco capturada, que <strong>no</strong><br />

presente trabalho também atingiu o maior valor <strong>no</strong> caso da apanha do percebe, a<br />

importância das restantes activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio aqui observada (tabela 3.10) foi<br />

diferente: por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente, as principais activida<strong>de</strong>s foram a apanha <strong>de</strong> ouriço-do-<br />

mar, polvo, mexilhão, burriés e lapas.<br />

Ao longo <strong>de</strong> uma costa com cerca <strong>de</strong> 150km <strong>de</strong> extensão, situada na região sul-<br />

africana <strong>de</strong> Transkei, Lasiak (1997) encontrou diferentes padrões <strong>de</strong> utilização <strong>humana</strong> <strong>de</strong><br />

litorais <strong>rochoso</strong>s, não só na intensida<strong>de</strong> e na sua variação temporal, como na importância<br />

das diferentes activida<strong>de</strong>s exercidas e das diversas presas-alvo. Esta autora observou que a<br />

intensida<strong>de</strong> da predação <strong>humana</strong> foi mais elevada on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>humana</strong> foi maior, e<br />

que a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> presas capturadas foi me<strong>no</strong>r on<strong>de</strong> a predação <strong>humana</strong> foi me<strong>no</strong>s<br />

intensa, tendo consi<strong>de</strong>rado que diversos factores naturais (por exemplo, natureza e<br />

topografia do substrato, clima, acessibilida<strong>de</strong> e distribuição das presas) e sociais (por<br />

exemplo, cultura e preferência <strong>humana</strong> por <strong>de</strong>terminadas presas, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e tipo <strong>de</strong><br />

povoamento huma<strong>no</strong>, grau <strong>de</strong> protecção dos recursos naturais) po<strong>de</strong>m ter influenciado os<br />

padrões observados (ver também Hockey e outros, 1988, e Lasiak, 1993a). Deste modo, é<br />

possível que, na costa continental portuguesa, bastante mais extensa que a estudada por<br />

Lasiak (1997) e ao longo da qual variam diversas condições naturais e sociais (por exemplo,<br />

INE, 1992, Costa, 1994, Boaventura e outros, 2002c), também ocorram diferentes padrões<br />

<strong>de</strong> utilização <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong>, como foi acima referido na discussão duma afirmação <strong>de</strong><br />

Franca e outros (1998). É também disso exemplo a opinião manifestada por Guerra e<br />

Gaudêncio (1986), embora não <strong>de</strong>monstrada quantitativamente, <strong>de</strong> que as lapas, o mexilhão<br />

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