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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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do estado <strong>de</strong> agitação marítima, bem como <strong>de</strong> outros factores temporalmente variáveis (por<br />

exemplo, a sua procura comercial), parecem ser mais importantes que a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> maré.<br />

Com efeito, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração <strong>humana</strong> dos percebe <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado local,<br />

numa baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas com mar calmo, po<strong>de</strong> ser maior ou equivalente à do<br />

mesmo local numa baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas em que o mar esteja mais agitado (ver atrás).<br />

Do mesmo modo, aten<strong>de</strong>ndo à importância comercial do percebe (Cruz, 2000), em certos<br />

dias festivos, <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> semana e <strong>de</strong> Verão, a sua procura por parte <strong>de</strong> restaurantes e<br />

outros estabelecimentos comerciais po<strong>de</strong> aumentar a intensida<strong>de</strong> da sua apanha (Baptista,<br />

2001; Jesus, 2003), in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da amplitu<strong>de</strong> das marés baixas.<br />

No respeitante à apanha <strong>de</strong> lapas e burriés, esta parece ser a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

marisqueio intertidal me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado da maré e <strong>de</strong> agitação marítima, pois<br />

po<strong>de</strong> ser exercida em diferentes níveis <strong>de</strong> maré e <strong>de</strong> exposição à ondulação, on<strong>de</strong> as<br />

respectivas espécies ocorrem (Sousa, 2002; Salvador, 2002), e apesar <strong>de</strong>, <strong>no</strong> caso da<br />

espécie <strong>de</strong> lapa mais procurada (Patella ulyssiponensis), os níveis inferiores <strong>de</strong> maré, on<strong>de</strong><br />

é mais abundante (Sousa, 2002), parecerem ser mais intensamente explorados.<br />

Consi<strong>de</strong>rando os trabalhos publicados e consultados sobre predação <strong>humana</strong> <strong>de</strong><br />

litorais <strong>rochoso</strong>s, apenas <strong>no</strong>s <strong>de</strong> van Herwer<strong>de</strong>n e outros (1989) e <strong>de</strong> Lasiak (1997) foi<br />

analisada a variação da intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste tipo em função da amplitu<strong>de</strong> da<br />

maré, tendo havido estudos em que estas activida<strong>de</strong>s foram amostradas apenas em marés<br />

vivas (Hockey e outros, 1988) ou sem distinguir esta variação (por exemplo, Durán e outros,<br />

1987; Un<strong>de</strong>rwood e Kennelly, 1990; Kingsford e outros, 1991; Keough e outros, 1993).<br />

Realizado na costa sul-africana da Península do Cabo e dirigido a todas as<br />

activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s <strong>de</strong> utilização do <strong>litoral</strong>, numa extensão <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 7,6km dominada<br />

por <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> (apenas 34% <strong>de</strong> praias are<strong>no</strong>sas), o trabalho <strong>de</strong> van Herwer<strong>de</strong>n e outros<br />

(1989) não encontrou diferenças significativas entre períodos <strong>de</strong> marés vivas e mortas na<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> qualquer activida<strong>de</strong>, fosse <strong>de</strong>predativa ou não. Os mesmos autores referem<br />

que tais resultados po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ver-se ao facto <strong>de</strong>, na região estudada, as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

exploração com vista à subsistência serem pouco intensas. Porém, <strong>no</strong> mesmo trabalho, o<br />

número <strong>de</strong> pessoas em activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação atingiu cerca <strong>de</strong> 17,4 por dia e por<br />

quilómetro <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costa (<strong>no</strong> presente trabalho, o número médio global <strong>de</strong> pessoas em<br />

activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação atingiu cerca <strong>de</strong> 5,9 por dia e por quilómetro <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costa),<br />

po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>ver-se o padrão observado ao facto <strong>de</strong> estas pessoas terem sido<br />

maioritariamente (83%; os restantes foram apanhadores <strong>de</strong> isco) pescadores à linha, cuja<br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> pouco do estado da maré. Por outro lado, na análise <strong>de</strong>ste factor, van<br />

Herwer<strong>de</strong>n e outros (1989) não distinguiram períodos <strong>de</strong> baixa-mar e preia-mar, o que po<strong>de</strong><br />

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