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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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De qualquer modo, os principais efeitos provocados pela remoção experimental <strong>de</strong><br />

lapas foram a diminuição da área <strong>de</strong> rocha nua dos seus territórios alimentares, o reduzido<br />

ou nulo impacte na cobertura primária <strong>de</strong> algas ou cracas e na abundância <strong>de</strong> lapas<br />

pequenas e médias, e a não restauração da abundância <strong>de</strong> lapas gran<strong>de</strong>s. Estes efeitos<br />

significativos foram evi<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong>s resultados das ANOVA e, nas análises multivariadas, a<br />

área <strong>de</strong> rocha nua foi sempre uma das duas variáveis que mais contribuíram para as<br />

diferenças significativas encontradas entre os tratamentos (ver atrás), tendo atingido, <strong>no</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> controlo, valores médios globais superiores aos observados <strong>no</strong>s tratamentos<br />

<strong>de</strong> remoção. Não tendo havido um aumento complementar da área primariamente ocupada<br />

por algas ou cracas em territórios alimentares <strong>de</strong> lapas, aquela diminuição da área <strong>de</strong> rocha<br />

nua só po<strong>de</strong> ter resultado <strong>de</strong> um aumento da cobertura <strong>de</strong> algas folhosas, que colonizaram<br />

a totalida<strong>de</strong> ou gran<strong>de</strong> parte da rocha nua dos territórios alimentares <strong>de</strong> lapas. Estes<br />

resultados indicam, assim, que a remoção <strong>de</strong>stes moluscos herbívoros, sobretudo dos<br />

exemplares <strong>de</strong> tamanho gran<strong>de</strong>, cuja restauração não se verificou, teve um importante efeito<br />

positivo na abundância <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> algas. Com efeito, 2 dos 48 territórios que foram<br />

sujeitos a tratamentos <strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> lapas estavam totalmente cobertos por algas folhosas<br />

em t1 e, neles, a abundância <strong>de</strong> lapas foi nula neste período experimental; por outro lado, a<br />

área total <strong>de</strong> outros 15 <strong>de</strong>sses territórios atingiu, em t1, valores muito baixos (inferiores a<br />

10cm 2 ), e a sua abundância <strong>de</strong> lapas foi muito reduzida (média total <strong>de</strong> 1,3 indivíduos por<br />

cm 2 ). Comparativamente, em todos os territórios <strong>de</strong> controlo que possuíam lapas <strong>de</strong><br />

tamanho gran<strong>de</strong> em t1 (N= 18), a área total foi superior a 10cm 2 e correspon<strong>de</strong>u, em média,<br />

a cerca <strong>de</strong> 63,2cm 2 na mesma data.<br />

Nos 50 territórios cuja área total diminuiu <strong>de</strong> t0 para t1, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> lapas e<br />

<strong>de</strong> lapas gran<strong>de</strong>s atingiu, em t1 e em média, cerca <strong>de</strong> 71,4 e 0,3 indivíduos por 100cm 2 ,<br />

respectivamente. Nos restantes territórios, cuja área total não diminuiu <strong>de</strong> t0 para t1, a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total <strong>de</strong> lapas e <strong>de</strong> lapas gran<strong>de</strong>s atingiu, em t1 e em média, cerca <strong>de</strong> 24,6 e 1,3<br />

indivíduos por 100cm 2 , respectivamente. A comparação <strong>de</strong>stes valores reforça a importância<br />

que as lapas <strong>de</strong> tamanho gran<strong>de</strong> tiveram <strong>no</strong> controlo da colonização <strong>de</strong>stes territórios por<br />

parte <strong>de</strong> algas folhosas.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a que as lapas gran<strong>de</strong>s removidas nesta experiência, que tiveram maior<br />

influência <strong>no</strong>s efeitos ecológicos acima referidos, são as mais exploradas pelo Homem,<br />

estes resultados sugerem a existência <strong>de</strong> uma cascata trófica (“trophic casca<strong>de</strong>”; Paine,<br />

1980; Menge, 1995) que envolve efeitos indirectos positivos <strong>de</strong> um predador (Homem) num<br />

conjunto <strong>de</strong> espécies basais (algas folhosas), <strong>de</strong>vido às interacções negativas e directas<br />

entre o predador e o herbívoro (lapas), e entre este e o conjunto <strong>de</strong> espécies basais.<br />

Embora Menge (1995) tenha sugerido que verda<strong>de</strong>iras cascatas tróficas são um fenóme<strong>no</strong><br />

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