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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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como acima foi referido, mas sobretudo ao facto <strong>de</strong> que a exploração <strong>de</strong> recursos vivos<br />

marinhos é tradicional e bastante difundida em todas as regiões do país, <strong>no</strong>meadamente<br />

nas litorais (Costa e Franca, 1982; 1985; Raffaelli e Hawkins, 1996; Franca e outros, 1998;<br />

Castro e outros, 2000; presente trabalho), on<strong>de</strong> está concentrada a maioria da população<br />

<strong>humana</strong> (INE, 1992).<br />

Deste modo, só o aumento da consciência ambiental e da sensibilida<strong>de</strong> ecológica<br />

da população <strong>humana</strong> portuguesa po<strong>de</strong>rá melhorar este pa<strong>no</strong>rama. Esta necessida<strong>de</strong> é<br />

maior se estas medidas <strong>de</strong> conservação condicionarem activida<strong>de</strong>s com importância<br />

económica e/ou tradicionais, como é o caso das relacionadas com a exploração <strong>de</strong> recursos<br />

vivos da costa alentejana (secção 2.4) e da restante faixa marinha do PNSACV (Cruz, 2000;<br />

Baptista, 2001; Jesus, 2003). Com efeito, um dos princípios estratégicos para a<br />

implementação <strong>de</strong> AMP, e que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar virtual e universalmente aplicável, é <strong>de</strong><br />

que o seu sucesso só é possível se as gentes locais forem directamente envolvidas <strong>no</strong>s<br />

respectivos processos <strong>de</strong> selecção, estabelecimento e gestão (Kelleher e Kenchington,<br />

1992; Beaumont, 1997). A eficácia <strong>de</strong>ste envolvimento po<strong>de</strong>rá ser maior com uma boa<br />

organização ou associação dos utilizadores locais (O<strong>de</strong>ndaal e outros, 1994; Wells e White,<br />

1995; Castilla, 2000), infelizmente bastante <strong>de</strong>ficiente na costa alentejana.<br />

Esta partilha <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser aplicada à gestão <strong>de</strong><br />

recursos pesqueiros, aten<strong>de</strong>ndo a diversos casos bem sucedidos <strong>de</strong> co-gestão <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

recursos (por exemplo, Castilla, 2000, Castilla e Defeo, 2001, Molares e Freire, 2003; ver<br />

revisão <strong>de</strong> O<strong>de</strong>ndaal e outros, 1994). A exploração galega <strong>de</strong> percebe é um bom exemplo<br />

<strong>de</strong>sse sucesso: <strong>de</strong>pois dos stocks locais terem sido severamente esgotados, foram tomadas<br />

fortes medidas <strong>de</strong> conservação a partir <strong>de</strong> 1970, cujo cumprimento não foi generalizado, e a<br />

elevada procura comercial <strong>de</strong>ste crustáceo foi parcialmente satisfeita por importação; <strong>no</strong><br />

início da década <strong>de</strong> 80 do século passado, começaram a ser aplicados pla<strong>no</strong>s anuais <strong>de</strong><br />

recuperação e exploração, baseados em conhecimentos biológicos entretanto adquiridos,<br />

que tiveram êxito e começaram a ser aplicados mediante co-gestão a partir <strong>de</strong> 1992,<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se actualmente a diversas zonas da costa galega; este sistema foi iniciado com<br />

a implementação <strong>de</strong> TURF (“territorial user rights for fishing”), mediante a partilha da<br />

responsabilida<strong>de</strong> da exploração entre associações profissionais <strong>de</strong> apanhadores <strong>de</strong> percebe<br />

e autorida<strong>de</strong>s governamentais (Goldberg, 1984; Molares, 1994; CPAM, 2002; Molares e<br />

Freire, 2003).<br />

Por último, é também um entrave à implementação <strong>de</strong>stes programas <strong>de</strong><br />

conservação a relativa escassez do conhecimento científico sobre a zona costeira do<br />

PNSACV, sobretudo <strong>no</strong> respeitante à biodiversida<strong>de</strong> e à exploração dos recursos vivos,<br />

tanto <strong>no</strong> caso da evolução das populações <strong>de</strong> presas e das comunida<strong>de</strong>s biológicas<br />

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