Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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outros factores, <strong>no</strong>meadamente sociais e culturais (Un<strong>de</strong>rwood, 1993), em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />
factores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económico.<br />
No respeitante aos países referidos na tabela 2.42, a classificação apresentada por<br />
Crowe e outros (2000) aplica-se somente ao Chile, um país consi<strong>de</strong>rado em<br />
<strong>de</strong>senvolvimento pela FAO e UNICEF, apesar <strong>de</strong> ter um rendimento anual bruto médio,<br />
segundo o Banco Mundial (UNDP e outros, 2000, 2003), e on<strong>de</strong> a exploração <strong>humana</strong> dos<br />
litorais <strong>rochoso</strong>s é <strong>no</strong>tória (Siegfried e outros, 1994; Castilla e Defeo, 2001). No caso da<br />
República da África do Sul, um país consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong>senvolvido pela FAO, mas em<br />
<strong>de</strong>senvolvimento pela UNICEF, e com um rendimento anual bruto médio, segundo o Banco<br />
Mundial (UNDP e outros, 2000, 2003), a predação <strong>humana</strong> <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s po<strong>de</strong> ser<br />
ávida e intensa nalgumas regiões (Siegfried e outros, 1994).<br />
Deste modo, os resultados obtidos <strong>no</strong> presente trabalho sugerem que a predação<br />
<strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, com fins <strong>de</strong> subsistência alimentar ou comerciais, foi<br />
importante, tendo em conta a elevada importância do marisqueio em relação a outras<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s. Contudo, a elevada intensida<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong>ste habitat <strong>no</strong> âmbito<br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>predativas ou com forte cariz lúdico, como é o caso da pesca à linha e<br />
submarina, cujo conjunto supera globalmente a importância relativa do marisqueio (tabela<br />
2.42), sugere que a utilização lúdico-recreativa do <strong>litoral</strong> também foi importante.<br />
De acordo com observações prévias feitas <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> e informações obtidas junto<br />
<strong>de</strong> pescadores locais, a activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predação que parece ser mais lúdico-recreativa,<br />
comparando as diferentes activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>,<br />
é a pesca à linha com cana, por ser frequentemente praticada como passatempo e sem a<br />
expectativa <strong>de</strong> “encher o bal<strong>de</strong>”, ou seja, <strong>de</strong> capturar muito peixe ou marisco, para comer<br />
e/ou ven<strong>de</strong>r. De modo semelhante, as motivações lúdicas ou recreativas também parecem<br />
ser importantes na pesca submarina, aten<strong>de</strong>ndo à fraca produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos dos locais<br />
escolhidos pelos pescadores submari<strong>no</strong>s e às geralmente reduzidas capturas.<br />
Aquelas observações e informações estão <strong>de</strong> acordo com os resultados globais<br />
verificados na análise do rendimento obtido por pescador, com base em campanhas <strong>de</strong><br />
amostragem realizadas durante o Verão e em períodos <strong>de</strong> baixa-mar. Com efeito, o<br />
rendimento (peso fresco das capturas efectuadas por pescador num período <strong>de</strong> baixa-mar,<br />
consi<strong>de</strong>rando a totalida<strong>de</strong> dos respectivos dados) médio obtido por um pescador à linha<br />
(cerca <strong>de</strong> 0,81kg, 1EP=0,11, N=30) foi significativamente inferior ao alcançado por um<br />
mariscador (cerca <strong>de</strong> 2,20kg, 1EP=0,26, N=208). No entanto, quando os principais conjuntos<br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação foram analisados em separado (apanha <strong>de</strong> polvo, <strong>de</strong> navalheira,<br />
<strong>de</strong> percebe, <strong>de</strong> burriés e <strong>de</strong> lapas, e pesca à linha), apenas o rendimento da apanha <strong>de</strong><br />
percebe foi significativamente superior ao das restantes activida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>radas, o que<br />
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