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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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5- Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Relações tróficas <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> e predação <strong>humana</strong><br />

Os resultados do presente trabalho revelam que o <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> é<br />

frequente e intensamente utilizado pelo Homem para a exploração <strong>de</strong> recursos vivos, sendo<br />

diversas as espécies-alvo, bem como as motivações dos utilizadores. Por outro lado,<br />

também foi <strong>de</strong>monstrado neste trabalho que esta exploração po<strong>de</strong> ter importantes e<br />

persistentes efeitos negativos, directos e indirectos, sobre as populações exploradas e as<br />

comunida<strong>de</strong>s a que pertencem. Apesar <strong>de</strong>sta diversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>, são<br />

apresentadas na tabela 5.1 as relações tróficas entre os principais organismos explorados<br />

pelo Homem <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, sendo <strong>de</strong> referir que a real teia alimentar que une<br />

estas espécies e as restantes que com elas interagem é seguramente muito mais complexa<br />

(Paine, 1980; Raffaelli, 2000). Nesta tabela, foram também incluídas as relações tróficas<br />

<strong>de</strong>stes organismos com as aves, cujas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentação e repouso po<strong>de</strong>m ser<br />

perturbadas pela utilização <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> (por exemplo, Dye e outros, 1994; <strong>de</strong> Boer e<br />

Longamane, 1996; Menge e Branch, 2001).<br />

Como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta tabela, as activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s em estudo po<strong>de</strong>m<br />

afectar directa e indirectamente diversas relações tróficas entre espécies que são<br />

abundantes <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> (secções 2.4, 3.4 e 4.4) e possuem um papel<br />

ecológico importante (por exemplo, Raffaelli e Hawkins, 1996; Menge e Branch, 2001), como<br />

é o caso <strong>de</strong> diversos herbívoros (lapas, burriés e ouriços-do-mar), ocupadores <strong>de</strong> espaço<br />

primário (algas, percebes e mexilhões) e predadores (camarões, caranguejos, polvos,<br />

peixes e aves), po<strong>de</strong>ndo a sua intensa remoção e predação provocar alterações importantes<br />

na estrutura e <strong>no</strong> funcionamento das comunida<strong>de</strong>s associadas (Castilla e outros, 1994;<br />

Hockey, 1994; More<strong>no</strong>, 2001). Por outro lado, algumas <strong>de</strong>stas relações tróficas<br />

potencialmente afectadas pelo Homem po<strong>de</strong>m ser bastante intensas (sensu Paine, 1980),<br />

como, por exemplo, as existentes entre lapas e algas, ouriços-do-mar e algas, peixes e<br />

algas, polvos e caranguejos, peixes e invertebrados, e aves e lapas (Guerra, 1978, 1992;<br />

Pinnegar e outros, 2000; Deu<strong>de</strong>ro e outros, 2004; secções 2.4, 3.4 e 4.4).<br />

No entanto, tal como referem Dye e outros (1994) e Menge e Branch (2001), a<br />

exploração <strong>humana</strong> tem um impacto qualitativamente diferente do dos predadores naturais.<br />

Com base em resultados <strong>de</strong> estudos sobre interacções entre diversos organismos <strong>de</strong> litorais<br />

<strong>rochoso</strong>s, efectuados em ilhas da costa oci<strong>de</strong>ntal sul-africana, estes autores referem que<br />

vários controlos e balanços ocorrem naturalmente entre consumidores e seus recursos,<br />

condicionando estas interacções: as lapas são comidas por aves, mas algumas lapas são<br />

sempre inacessíveis ou atingem tamanhos invulneráveis, crescendo rapidamente <strong>de</strong>vido a<br />

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