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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Em Portugal, foi já <strong>de</strong>monstrada a importância da herbivoria <strong>de</strong> lapas intertidais na<br />

distribuição e abundância <strong>de</strong> macroalgas, mediante a exclusão total ou parcial <strong>de</strong>stes<br />

moluscos em experiências manipulativas (Santos, 2000; Fernan<strong>de</strong>s, 2001; Boaventura e<br />

outros, 2002a; Silva, 2002b), embora estas não tenham sido realizadas com o intuito <strong>de</strong><br />

simular a remoção <strong>de</strong> lapas efectuada <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>humana</strong>.<br />

Tendo o stock explorável da espécie <strong>de</strong> lapa mais capturada <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />

alenteja<strong>no</strong> (Patella ulyssiponensis) sido consi<strong>de</strong>rado mo<strong>de</strong>radamente pescado nesta região,<br />

é <strong>de</strong> esperar que a apanha <strong>humana</strong> <strong>de</strong> lapas tenha um impacte <strong>de</strong>tectável nas populações e<br />

comunida<strong>de</strong>s do habitat em estudo. No presente trabalho, a análise <strong>de</strong>ste potencial impacte<br />

foi efectuada segundo duas abordagens distintas:<br />

- avaliando padrões <strong>de</strong> variação da abundância, tamanho e área vital <strong>de</strong> lapas em<br />

função da intensida<strong>de</strong> da predação <strong>humana</strong>;<br />

lapas.<br />

- analisando, através <strong>de</strong> manipulações experimentais, os efeitos da remoção <strong>de</strong><br />

Nestes dois estudos, foi dada especial atenção à apanha <strong>de</strong> lapas efectuada em<br />

níveis intertidais inferiores, on<strong>de</strong> P. ulyssiponensis é mais abundante e atinge maior<br />

tamanho (Guerra e Gaudêncio, 1986; Sousa, 2002). No <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, a<br />

cobertura epibentónica <strong>de</strong>stes níveis é dominada por algas folhosas (consi<strong>de</strong>radas, <strong>no</strong><br />

presente trabalho, todas as macroalgas não encrustantes), sobretudo vermelhas ou<br />

castanhas (Carvalho, 1993; Calado, 1994; Saú<strong>de</strong>, 2000; Boaventura e outros, 2002c; Silva,<br />

2002b), geralmente reunidas em agrupamentos turfosos, entre os quais existem espaços<br />

(semelhantes aos “gaps” <strong>de</strong>scritos por Dye, 1993 e aos “patches” <strong>de</strong> rocha nua ou algas<br />

encrustantes referidos por Bene<strong>de</strong>tti-Cecchi e Cinelli, 1993, 1994; ver em baixo) com lapas,<br />

algas encrustantes, e cracas e outros animais sésseis, e on<strong>de</strong> as algas folhosas são pouco<br />

abundantes. Das lapas que ocorrem nestes espaços, P. ulyssiponensis é a mais abundante,<br />

mas outras espécies também po<strong>de</strong>m observadas, como Patella <strong>de</strong>pressa, P. vulgata e<br />

Siphonaria pectinata (Saú<strong>de</strong>, 2000; Boaventura e outros, 2002c; Sousa, 2002), bem como<br />

Helcion pellucidum e Diodora graeca, embora estas duas sejam muito pouco abundantes<br />

(observações pessoais).<br />

Parecendo a formação e a manutenção <strong>de</strong>stes espaços ser sobretudo <strong>de</strong>corrente<br />

da activida<strong>de</strong> alimentar <strong>de</strong> lapas herbívoras, tal como as da superfamília Patellacea (Branch,<br />

1981; Steneck e Watling, 1982) a que P. ulyssiponensis pertence, bem como as da espécie<br />

S. pectinata (Branch, 1981; Hodgson, 1999), e sendo a maioria <strong>de</strong>stas espécies se<strong>de</strong>ntárias<br />

(ver em baixo), estes espaços po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como territórios alimentares das<br />

lapas que neles vivem. Sendo estes territórios também usados como casa (ver em baixo)<br />

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