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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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gastronómico sejam exploradas, <strong>de</strong>ixando a restante comunida<strong>de</strong> marinha relativamente<br />

não afectada.<br />

Tendo em consi<strong>de</strong>ração estas questões socioeconómicas, Crowe e outros (2000)<br />

distinguiram o impacte da predação <strong>humana</strong> em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s,<br />

consoante este tenha sido originado em países em <strong>de</strong>senvolvimento ou <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Classificando a extensão dos impactes antropogénicos em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s<br />

numa escala <strong>de</strong> 1 (local/raro) a 5 (gran<strong>de</strong> escala/comum) pontos, estes autores atribuíram 3<br />

pontos às activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação exercidas <strong>no</strong> mundo em <strong>de</strong>senvolvimento. Esta<br />

classificação foi superior à das restantes activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s que causam stress em litorais<br />

<strong>rochoso</strong>s <strong>de</strong> países em <strong>de</strong>senvolvimento, bem como à das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong><br />

exercidas em países <strong>de</strong>senvolvidos, correspon<strong>de</strong>nte a 1 ponto. No mundo <strong>de</strong>senvolvido, os<br />

mesmos autores atribuíram à extensão das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação a me<strong>no</strong>r importância<br />

relativa, em ex aequo com o impacte da poluição térmica.<br />

Curiosamente, a maior parte das pessoas observadas por Hockey e outros (1988)<br />

<strong>no</strong>s litorais <strong>rochoso</strong>s <strong>de</strong> Transkei eram <strong>de</strong> etnia africana, tendo as <strong>de</strong> etnia europeia atingido<br />

apenas cerca <strong>de</strong> 9% da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> total e, <strong>de</strong>stes, apenas cerca <strong>de</strong> 26% eram<br />

mariscadores. Questões étnicas são também referidas por Un<strong>de</strong>rwood (1993) como<br />

discriminatórias <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> pessoas que exploram as costas rochosas do estado <strong>de</strong><br />

New South Wales, na Austrália: umas, não têm etnia <strong>de</strong>finida e são pescadores à linha<br />

<strong>de</strong>sportivos que, para além <strong>de</strong> pescar <strong>de</strong>ssa forma, apanham invertebrados para isco;<br />

outras, são provenientes <strong>de</strong> países estrangeiros e apanham marisco para <strong>de</strong>le se alimentar.<br />

Neste caso, o mesmo autor refere que as presas são geralmente procuradas com algum<br />

interesse gastronómico especial, por fazerem parte <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada receita étnica, ou<br />

porque a sua compra é dispendiosa. De qualquer modo, o primeiro tipo <strong>de</strong> pessoas é mais<br />

abundante nesse estado australia<strong>no</strong>, on<strong>de</strong> os invertebrados capturados <strong>no</strong>s litorais <strong>rochoso</strong>s<br />

são sobretudo utilizados como isco na pesca à linha (Kingsford e outros, 1991; Un<strong>de</strong>rwood,<br />

1993).<br />

Deste modo, para além das condições socioeconómicas, o contexto sociocultural<br />

também parece ser importante para o modo e a intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> exploração. Com<br />

efeito, aten<strong>de</strong>ndo à ávida e intensa exploração <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong>, incluindo o <strong>rochoso</strong>, <strong>de</strong><br />

países como a Austrália, França, Espanha ou Portugal (Un<strong>de</strong>rwood, 1993; Santos e outros,<br />

1995; Raffaelli e Hawkins, 1996; Castro e outros, 2000; presente estudo), consi<strong>de</strong>rados<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, industrializados e <strong>de</strong> elevado rendimento anual bruto (UNDP e outros, 2000,<br />

2003, com base em classificações da FAO, da UNICEF e do Banco Mundial,<br />

respectivamente), é possível que, a esta escala, tal exploração seja sobretudo <strong>de</strong>vida a<br />

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