Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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apanha <strong>de</strong> marisco parece ser, das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação estudadas, a mais comum<br />
durante a baixa-mar, sobretudo em períodos <strong>de</strong> marés vivas e quando a agitação marítima é<br />
me<strong>no</strong>r, tendo em consi<strong>de</strong>ração que o marisqueio efectuado sem imersão completa explora<br />
sobretudo níveis <strong>de</strong> maré inferiores, bem como níveis subtidais pouco profundos. Segundo<br />
informações e observações obtidas ao longo do presente trabalho, o principal período<br />
utilizado nestas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio é a baixa-mar matinal <strong>de</strong> marés-vivas, não só<br />
<strong>de</strong>vido à amplitu<strong>de</strong> da maré mas também ao facto <strong>de</strong> permitir geralmente um maior período<br />
diur<strong>no</strong> <strong>de</strong> exploração. Num estudo sobre a apanha <strong>de</strong> mexilhão <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> centro <strong>de</strong> Portugal<br />
continental, Rius e Cabral (em publicação) também observaram uma maior intensida<strong>de</strong> em<br />
períodos matinais <strong>de</strong> baixa-mar ou em marés vivas, quando comparados com marés baixas<br />
ocorridas à tar<strong>de</strong> ou cuja altura foi superior a 0,8m.<br />
Esta exploração sobretudo matinal contrasta com os resultados obtidos por<br />
Kingsford e outros (1991), segundo os quais a utilização (<strong>de</strong>predativa ou não) <strong>humana</strong> <strong>de</strong><br />
litorais <strong>rochoso</strong>s próximos <strong>de</strong> Sydney (Austrália) foi sempre mais elevada à tar<strong>de</strong> (das 12 às<br />
13h e/ou das 15h30m às 19h), relativamente a um período matinal das 6 às 8h. Na região<br />
sul-africana da Península do Cabo, também van Herwer<strong>de</strong>n e outros (1989) observaram<br />
uma maior utilização do <strong>litoral</strong> durante a tar<strong>de</strong>, das 12 às 16h. No entanto, estes autores<br />
quantificaram todas as activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s num troço costeiro que inclui substrato duro<br />
(66%) e móvel, e a maioria das pessoas estava concentrada em praias are<strong>no</strong>sas, on<strong>de</strong> não<br />
exercia activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>predativas. Tal como refere Lasiak (1997), o resultado <strong>de</strong>stes dois<br />
estudos po<strong>de</strong> ser um reflexo da elevada frequência <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s recreativas e não<br />
exploradoras <strong>de</strong> recursos vivos neles observada (ver adiante, em “Variação entre<br />
activida<strong>de</strong>s”), bem como da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s em relação a outros<br />
factores, <strong>no</strong>meadamente climáticos.<br />
Segundo as referidas informações previamente obtidas, a pesca à linha com cana<br />
explora geralmente habitats subtidais e parece ser, das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong><br />
em estudo, a mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado da maré. Numa análise que incluiu também os<br />
factores altura da maré e utilida<strong>de</strong> dos dias, a abundância <strong>de</strong> pessoas nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
pesca à linha e <strong>de</strong> passeio ou repouso, exercidas <strong>no</strong> Verão, apresentou um padrão<br />
semelhante ao acima referido: V>M em baixa-mar e dias não úteis, e V=M nas restantes<br />
situações. Como atrás foi referido e discutido, estes resultados sugerem alguma influência<br />
por parte das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio quando estas são mais intensas: em baixa-mar <strong>de</strong><br />
marés vivas e em dias não úteis.<br />
Por outro lado, as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio que parecem ser me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
do estado da maré são a apanha <strong>de</strong> percebe, e <strong>de</strong> lapas e burriés, <strong>de</strong> acordo com as<br />
mesmas informações previamente obtidas. No caso da apanha <strong>de</strong> percebe, a <strong>de</strong>pendência<br />
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