Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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em activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca à linha, tendo as restantes variado me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>sta forma. No mesmo<br />
estudo, e em observações efectuadas com mais <strong>de</strong>talhe nalguns locais, foi registada uma<br />
agregação significativa <strong>de</strong> pescadores à linha, em escalas <strong>de</strong> 50 e 100m, embora as<br />
respectivas áreas favoritas tenham variado consoante a estação do a<strong>no</strong>, possivelmente<br />
<strong>de</strong>vido ao estado <strong>de</strong> agitação do mar.<br />
Por outro lado, Kingsford e outros (1991) referem que o número <strong>de</strong> pessoas em<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação não parece estar relacionado com a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>vido à elevada mobilida<strong>de</strong> da população <strong>humana</strong> na região estudada. Em<br />
contraste, outros autores referem que a proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aglomerados urba<strong>no</strong>s influenciou <strong>de</strong><br />
modo positivo e significativo a abundância <strong>de</strong> utilizadores do <strong>litoral</strong>, tanto na Austrália (Yapp,<br />
1986; Keough e outros, 1991), como na República da África do Sul (Hockey e outros, 1988;<br />
Schurink e Griffiths, 1990; van Herwer<strong>de</strong>n e Griffiths, 1991). De qualquer modo, Un<strong>de</strong>rwood<br />
(1993) refere que, embora a exploração <strong>humana</strong> da fauna <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s seja<br />
espacialmente generalizada <strong>no</strong> estado <strong>de</strong> New South Wales, a sua intensida<strong>de</strong> varia<br />
positivamente com a acessibilida<strong>de</strong> dos locais. Num estudo sobre a apanha <strong>de</strong> mexilhão <strong>no</strong><br />
<strong>litoral</strong> centro <strong>de</strong> Portugal continental, Rius e Cabral (em publicação) também observaram<br />
maior intensida<strong>de</strong> nas praias mais acessíveis e situadas mais perto <strong>de</strong> uma estrada.<br />
No caso da apanha <strong>de</strong> percebe, a variação à escala da praia foi analisada em três<br />
praias – CSI, ALM e CSA. Com base em observações prévias feitas <strong>no</strong> terre<strong>no</strong> e<br />
informações obtidas junto <strong>de</strong> pescadores locais, bem como <strong>no</strong> trabalho <strong>de</strong> Cruz (2000)<br />
sobre a abundância <strong>de</strong> percebe <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> sudoeste português, estas praias são, das acima<br />
referidas, as que possuem maior abundância <strong>de</strong>sta espécie e, assim, as potencialmente<br />
sujeitas a maior utilização para a exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong>ste recurso. Nas restantes praias<br />
amostradas, o percebe é geralmente ocasional ou mesmo raro, e a sua exploração <strong>humana</strong><br />
é pouco frequente e limitada a locais com me<strong>no</strong>r acessibilida<strong>de</strong> e/ou sujeitos a maior<br />
agitação marítima, razão pela qual não foram consi<strong>de</strong>radas na análise da exploração<br />
<strong>humana</strong> <strong>de</strong>sta espécie.<br />
Apesar <strong>de</strong>sta redução do número <strong>de</strong> praias <strong>de</strong> amostragem, a variação, a esta<br />
escala, da abundância <strong>de</strong> apanhadores <strong>de</strong> percebe foi bastante frequente, tendo sido<br />
registados valores mais elevados em CSI e/ou CSA. Este padrão po<strong>de</strong>rá estar relacionado<br />
com o facto <strong>de</strong> este crustáceo ser mais abundante em zonas sujeitas a elevado<br />
hidrodinamismo (Cruz, 2000), provavelmente mais extensas <strong>no</strong>s cabos on<strong>de</strong> estas praias se<br />
localizam. Com efeito, numa classificação semi-quantitativa (raro ou ocasional, frequente,<br />
abundante e muito abundante) da abundância <strong>de</strong> percebe <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> sudoeste português,<br />
efectuada à escala <strong>de</strong> 1km, Cruz (2000) atribuiu idêntica importância a CSI e CSA<br />
(abundante ou muito abundante), sendo esta geralmente superior à observada em ALM<br />
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