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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Apesar <strong>de</strong> não ter sido observado um impacte negativo da exploração <strong>humana</strong> <strong>no</strong><br />

rendimento do marisqueio, o mesmo não aconteceu ao nível do número <strong>de</strong> taxa presente<br />

nas capturas efectuadas em baixa-mar e quantificadas por dia <strong>de</strong> pesca. Neste caso, a<br />

variação em função da intensida<strong>de</strong> das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong> foi significativa <strong>no</strong><br />

respeitante à riqueza taxonómica <strong>de</strong> invertebrados, tendo-se registado valores médios mais<br />

baixos nas praias sujeitas a maior intensida<strong>de</strong>. O mesmo padrão foi verificado na análise do<br />

número <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> peixes, tanto <strong>no</strong> caso das capturas efectuadas em baixa-mar, como em<br />

períodos <strong>de</strong> enchente.<br />

Na análise <strong>de</strong>sta variação da riqueza taxonómica das capturas, foi previamente<br />

admitido que esta variável podia ser afectada, tanto directa como indirectamente, pela<br />

predação <strong>humana</strong>, <strong>de</strong>vido à consequente alteração da abundância e distribuição <strong>de</strong><br />

populações exploradas e não exploradas. Ao diminuir a abundância das principais espécies-<br />

presa, a pesca po<strong>de</strong> ter um efeito directo na biodiversida<strong>de</strong> do habitat explorado, que será<br />

máximo ao causar a sua extinção local, bem como efeitos indirectos, que po<strong>de</strong>m provocar o<br />

<strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> espécies não adaptadas à respectiva perturbação, a sua substituição<br />

por outras, ou imprevisíveis alterações <strong>no</strong> ecossistema, <strong>de</strong>rivadas, por exemplo, do facto <strong>de</strong><br />

uma espécie se tornar dominante e excluir outras (Keough e Quinn, 1991; Edgar e Barrett,<br />

1999; More<strong>no</strong>, 2001).<br />

A diminuição da diversida<strong>de</strong> específica em zonas mais exploradas, provocada pela<br />

intensificação <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação <strong>humana</strong>, assim como o efeito contrário,<br />

<strong>de</strong>corrente da cessação ou diminuição <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s, foram <strong>de</strong>tectados em diversos<br />

estudos sobre costas rochosas (Alcala, 1988; Russ e Alcala, 1989; Harmelin e outros, 1995;<br />

Edgar e Barrett, 1999; Gui<strong>de</strong>tti e outros, 2002), embora <strong>no</strong>utros trabalhos similares o efeito<br />

das mesmas acções tenha sido muito variável, reduzido ou nulo (Durán e Castilla, 1989;<br />

Dye, 1992; Francour, 1994; Lasiak e Field, 1995; Sharpe e Keough, 1998; Lasiak, 1999; La<br />

Mesa e Vacchi, 1999), ou precisamente o oposto (Hockey e Bosman, 1986; Oliva e Castilla,<br />

1986; Dufour e outros, 1995).<br />

A avaliação da redução <strong>de</strong> espécies, eventualmente provocada por impactes<br />

antropogénicos, po<strong>de</strong> ser problemática em diversas situações, como em comunida<strong>de</strong>s que<br />

possuem muitas espécies pouco abundantes (Lasiak, 1999), e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos grupos<br />

taxonómicos analisados, geralmente escolhidos em função da experiência dos<br />

investigadores envolvidos (Keough e Quinn, 1991). Tal como referem Warwick e Clarke<br />

(1993; 2001), a diversida<strong>de</strong> não se comporta <strong>de</strong> modo consistente ou previsível em resposta<br />

à perturbação do ambiente, e Keough e Quinn (1991) consi<strong>de</strong>ram que, geralmente, a<br />

análise da riqueza específica e da diversida<strong>de</strong> possui uma justificação teórica questionável e<br />

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