Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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Na literatura consultada, apenas foi encontrada uma referência à influência positiva<br />
do fim <strong>de</strong> semana da Páscoa na intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca <strong>no</strong> <strong>litoral</strong>, citada por<br />
Caputi (1976) <strong>no</strong> caso da pesca à linha recreativa num estuário australia<strong>no</strong>.<br />
Tal como acima foi referido, diversas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio, incluindo as mais<br />
importantes em termos quantitativos e qualitativos (ver adiante, em “Variação entre<br />
activida<strong>de</strong>s”; secção 3), como a apanha <strong>de</strong> polvo, caranguejos e percebe, não sofreram<br />
tanta influência da Páscoa e da sua proximida<strong>de</strong>, quando comparadas com a apanha <strong>de</strong><br />
ouriço-do-mar. Assim, o aumento <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> observado <strong>no</strong> total <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
marisqueio <strong>de</strong>senvolvidas em Dur parece ter sido sobretudo <strong>de</strong>vido aos elevados valores <strong>de</strong><br />
abundância <strong>de</strong> apanhadores <strong>de</strong> ouriço-do-mar registados neste período.<br />
No final <strong>de</strong> períodos <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas <strong>de</strong> Dur, as capturas <strong>de</strong><br />
apanhadores <strong>de</strong> ouriço-do-mar observados <strong>no</strong> presente trabalho consistiram geralmente em<br />
gran<strong>de</strong>s sacos ou bal<strong>de</strong>s cheios <strong>de</strong> exemplares <strong>de</strong>sta espécie. No presente trabalho, o peso<br />
do pescado capturado <strong>no</strong> âmbito das activida<strong>de</strong>s em estudo foi apenas estimado em<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas durante o Verão. Nesta estação do a<strong>no</strong>, as capturas <strong>de</strong> ouriço-<br />
do-mar são muito inferiores às geralmente obtidas para as referidas “ouriçadas” pois, fora da<br />
época em que as gónadas <strong>de</strong>sta espécie se encontram mais <strong>de</strong>senvolvidas, os ouriços-do-<br />
mar são sobretudo utilizados para isco ou engodo na pesca à linha (ver acima), bastando,<br />
para tal, poucos indivíduos. Com efeito, em 233 pescadores directamente contactados <strong>no</strong><br />
Verão <strong>de</strong> 1999, só 10 tinham capturado ouriço-do-mar ao fim <strong>de</strong> uma baixa-mar <strong>de</strong> marés<br />
vivas, tendo sido estimado um peso fresco médio <strong>de</strong> 1,12kg (1EP=0,41; N=10) <strong>de</strong>sta espécie<br />
por pescador. Por outro lado, esta activida<strong>de</strong> foi pouco frequente durante os meses estivais,<br />
como atesta o valor médio <strong>de</strong> 0,04 apanhadores <strong>de</strong> ouriço-do-mar (1EP=0,02; N=303) por<br />
quilómetro <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costa e por dia, obtido <strong>no</strong>s períodos <strong>de</strong> Verão amostrados <strong>de</strong> 1994 a<br />
1996, inclusive, <strong>no</strong> presente trabalho.<br />
Na época das “ouriçadas”, os apanhadores <strong>de</strong> ouriço-do-mar foram bastante mais<br />
numerosos e as respectivas capturas envolveram quantida<strong>de</strong>s muito maiores, aten<strong>de</strong>ndo às<br />
observações efectuadas <strong>no</strong> presente trabalho. Com base <strong>no</strong>s resultados obtidos <strong>no</strong> período<br />
Dur <strong>de</strong> dois a<strong>no</strong>s consecutivos (1995 e 1996), em dias úteis e não úteis e em quatro praias<br />
<strong>de</strong> amostragem do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> (Cabo <strong>de</strong> Sines, Vale Marim,<br />
Amoreiras/Casca/Oliveirinha e Burrinho/Porto Covo), o número médio <strong>de</strong> apanhadores <strong>de</strong><br />
ouriço-do-mar foi estimado em 11,2 pessoas (1EP=3,3; N=96) por quilómetro <strong>de</strong> linha <strong>de</strong><br />
costa e por dia <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas.<br />
Como atesta o elevado valor relativo do erro padrão associado a esta média,<br />
registou-se uma gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong>, que foi significativa entre a<strong>no</strong>s, praias e locais <strong>de</strong><br />
amostragem, e entre dias úteis e não úteis. Neste conjunto <strong>de</strong> dados, o valor máximo<br />
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