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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Aten<strong>de</strong>ndo à maior dificulda<strong>de</strong> da apanha <strong>de</strong> lapas em níveis subtidais, por ter <strong>de</strong><br />

ser praticada em imersão, e possuindo os referidos locais <strong>de</strong> distribuição subtidal <strong>de</strong>sta<br />

espécie um elevado hidrodinamismo, po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar que este habitat é, actualmente,<br />

um refúgio (Catterall e Poiner, 1987; Hockey, 1994; Pombo e Escofet, 1996) <strong>de</strong>sta espécie<br />

em relação à sua exploração <strong>humana</strong> na costa alentejana, exercida quase exclusivamente<br />

em níveis intertidais. De acordo com estes autores, um refúgio subtidal <strong>de</strong> uma espécie que<br />

é abundante e explorada pelo Homem em níveis intertidais po<strong>de</strong> contribuir para a sua<br />

conservação, mediante a salvaguarda <strong>de</strong> adultos produtores <strong>de</strong> gâmetas e capazes <strong>de</strong><br />

migrar para zonas exploradas.<br />

Embora P. ulyssiponensis possa efectuar <strong>de</strong>slocações migratórias (Delany e<br />

outros, 1998; Sousa, 2002), esta espécie parece ser essencialmente não-migratória<br />

(Branch, 1975c; 1981), aten<strong>de</strong>ndo a diversas características biológicas, ecológicas e<br />

comportamentais (Thompson, 1979), <strong>no</strong>meadamente a utilização <strong>de</strong> zonas restritas para<br />

fixação (casa, traduzindo à letra os termos “home” ou “home scar”, utilizados pela respectiva<br />

literatura inglesa; ver, por exemplo, revisão <strong>de</strong> Branch, 1981) e a posse <strong>de</strong> comportamento<br />

<strong>de</strong> retor<strong>no</strong> a casa (“homing”; Cook e outros, 1969, apesar das críticas <strong>de</strong> Un<strong>de</strong>rwood, 1979,<br />

pelo facto <strong>de</strong> não <strong>de</strong>monstrar este comportamento <strong>de</strong> um modo quantitativo). Deste modo, é<br />

pouco provável que a migração <strong>de</strong> indivíduos adultos, <strong>de</strong> níveis subtidais não explorados<br />

para níveis intertidais explorados, tenha importância nesta população.<br />

Gestão da exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> lapas<br />

De acordo com Martins e outros (1987) e Ferraz e outros (2001), foi com o início do<br />

uso <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> mergulho, <strong>de</strong> apneia ou com escafandro autó<strong>no</strong>mo, verificado a<br />

partir da década <strong>de</strong> 70 do século passado, que os crustáceos e moluscos <strong>de</strong> níveis subtidais<br />

açoria<strong>no</strong>s começaram a ser explorados <strong>de</strong> modo intenso. Segundo os mesmos autores, esta<br />

intensida<strong>de</strong> aumentou drasticamente na década seguinte, na qual a apanha <strong>de</strong> lapas sofreu<br />

um rápido <strong>de</strong>clínio nalgumas ilhas, on<strong>de</strong> foi proibido o seu exercício em mergulho. Ainda na<br />

mesma década, esta activida<strong>de</strong> sofreu um colapso e foi totalmente proibida em todo o<br />

arquipélago, tendo sido aplicados regulamentos específicos e cada vez mais apertados a<br />

partir da seguinte década <strong>de</strong> 90 (Hawkins e outros, 2000; Ferraz e outros, 2001).<br />

Segundo Ferraz e outros (2001), a legislação aplicada em 1993 parece ter<br />

contribuído para a recuperação das populações exploradas em cinco das <strong>no</strong>ve ilhas<br />

açorianas, on<strong>de</strong> a exploração comercial <strong>de</strong> lapas foi <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo possível, embora nas outras<br />

ilhas esta exploração <strong>de</strong>va ser proibida ou reduzida, ou a recuperação <strong>de</strong>stas populações foi<br />

duvidosa por falta <strong>de</strong> informação. Para além das restrições dimensionais (comprimento <strong>de</strong><br />

concha mínimo <strong>de</strong> 55mm em P. aspera e <strong>de</strong> 30mm em P. can<strong>de</strong>i) e temporais (período <strong>de</strong><br />

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