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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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trabalho, as capturas <strong>de</strong> ouriço-do-mar em períodos do a<strong>no</strong> fora da tradicional “época do<br />

ouriço” (fim do Inver<strong>no</strong> e início da Primavera, ver acima) são pouco frequentes e envolvem<br />

quantida<strong>de</strong>s muito me<strong>no</strong>res. Como nesses períodos as gónadas <strong>de</strong>sta espécie estão pouco<br />

<strong>de</strong>senvolvidas (ver acima), os exemplares capturados fora <strong>de</strong>ssa época são raramente<br />

utilizados como alimento e o seu principal <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> é a pesca à linha, usando as gónadas<br />

como isco ou todo o animal como engodo, após trituração.<br />

Para além da apanha <strong>de</strong> ouriço-do-mar, esta interacção entre os factores estação<br />

do a<strong>no</strong> e amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> maré só se verificou na análise da apanha <strong>de</strong> percebe, tendo-se<br />

obtido os mesmos resultados <strong>no</strong> caso da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> maré, mas não <strong>no</strong> respeitante à<br />

estação do a<strong>no</strong>. Neste caso, registou-se em marés mortas o padrão V>I e, em marés vivas,<br />

não se observaram diferenças significativas. Do mesmo modo, estes resultados comprovam<br />

as observações e informações previamente obtidas: das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio, a<br />

apanha <strong>de</strong> percebe, tanto a praticada em níveis intertidais como subtidais, parece ser a mais<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado <strong>de</strong> agitação marítima, sendo mais comum quando o mar está me<strong>no</strong>s<br />

agitado, pelo facto <strong>de</strong> ser efectuada em locais com elevado hidrodinamismo, on<strong>de</strong> esta<br />

espécie é mais abundante (Cruz, 2000). Assim, foi <strong>no</strong> Inver<strong>no</strong>, quando a agitação marítima é<br />

geralmente maior (ver acima), que a amplitu<strong>de</strong> da maré teve mais importância para os<br />

apanhadores <strong>de</strong> percebe, registando-se o padrão MV>MM e não tendo ocorrido diferenças<br />

significativas <strong>no</strong> Verão. Por outro lado, foi só em períodos <strong>de</strong> marés mortas que se<br />

<strong>de</strong>tectaram diferenças significativas entre Verão e Inver<strong>no</strong>, registando-se, como seria <strong>de</strong><br />

esperar, o padrão V>I, o que está seguramente relacionado com as referidas diferenças<br />

sazonais ao nível da agitação marítima.<br />

Efectivamente, Baptista (2001) refere que os apanhadores <strong>de</strong> percebe do concelho<br />

<strong>de</strong> Vila do Bispo (barlavento algarvio) distinguem duas estações durante o a<strong>no</strong>, em função<br />

do estado do mar e da consequente possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong>: o<br />

«Inver<strong>no</strong>», entre Outubro e Março, quando há longos períodos <strong>de</strong> «mar bravo» e a<br />

activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apanha é me<strong>no</strong>r; e o «Verão», entre Abril e Setembro, quando há períodos<br />

relativamente longos <strong>de</strong> «mar bom» e a activida<strong>de</strong> é maior. Com base em inquéritos feitos<br />

na costa sudoeste <strong>de</strong> Portugal continental a apanhadores amadores e profissionais <strong>de</strong><br />

percebe, Jesus (2003) refere que todos os 16 amadores entrevistados afirmaram explorar<br />

esta espécie apenas <strong>no</strong> Verão, embora a maioria dos 51 profissionais tenha afirmado que<br />

exercem esta activida<strong>de</strong> em meses <strong>de</strong> Primavera e Verão, ou durante todo o a<strong>no</strong> e<br />

especialmente <strong>no</strong> Verão. Por outro lado, esta autora refere que, quando os apanhadores<br />

entrevistados foram questionados sobre as condições preferenciais para o exercício <strong>de</strong>sta<br />

activida<strong>de</strong>, os amadores <strong>de</strong>ram maior importância à amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> maré, preferindo as marés<br />

vivas e, os profissionais, à agitação marítima e às condições meteorológicas. Cruzando<br />

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