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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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e os burriés são parte do principal alimento das pessoas mais pobres, especialmente na<br />

região <strong>no</strong>rte da costa continental portuguesa, on<strong>de</strong> as maiores lapas são sujeitas a uma<br />

“contínua e intensa” predação <strong>humana</strong>. Aten<strong>de</strong>ndo a toda esta diversida<strong>de</strong>, bem como à<br />

possivelmente elevada importância socioeconómica <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração, é<br />

necessário ampliar o conhecimento dos padrões <strong>de</strong> utilização <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />

português, <strong>de</strong> modo a contribuir para a sustentabilida<strong>de</strong> da exploração dos seus recursos<br />

naturais.<br />

Consi<strong>de</strong>rando os trabalhos consultados, a importância relativa das diferentes<br />

activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação observadas foi variável (tabela 2.42), tendo sido maior, em termos<br />

<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, <strong>no</strong> marisqueio (Durán e outros, 1987; Hockey e outros, 1988; Keough e<br />

outros, 1993; Lasiak, 1997) ou na pesca à linha (van Herwer<strong>de</strong>n e outros, 1989; Un<strong>de</strong>rwood<br />

e Kennelly, 1990; Kingsford e outros, 1991). Por outro lado, a respectiva importância da<br />

intensida<strong>de</strong> das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> passeio ou repouso, ou outras não <strong>de</strong>predativas, também foi<br />

variável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu registo nulo (Durán e outros, 1987) à dominância em relação à<br />

intensida<strong>de</strong> das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação (van Herwer<strong>de</strong>n e outros, 1989; Un<strong>de</strong>rwood e<br />

Kennelly, 1990; Keough e outros, 1993), passando pela interacção com a amplitu<strong>de</strong> da maré<br />

em baixa-mar (Lasiak, 1997).<br />

Comparando estes resultados com as respectivas proporções registadas <strong>no</strong><br />

presente trabalho (tabela 2.42), é <strong>de</strong> <strong>no</strong>tar que a exploração <strong>humana</strong> do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />

alenteja<strong>no</strong> foi exercida em mol<strong>de</strong>s parecidos com a observada por Durán e outros (1987) <strong>no</strong><br />

Chile, e por Hockey e outros (1988) e Lasiak (1997) na África do Sul. Nestes trabalhos, o<br />

marisqueio foi a activida<strong>de</strong> mais intensa, a nível global ou em baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas,<br />

superando o número <strong>de</strong> pessoas envolvidas em activida<strong>de</strong>s não <strong>de</strong>predativas. De acordo<br />

com estes autores, as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação exercidas <strong>no</strong>s litorais <strong>rochoso</strong>s <strong>de</strong>ssas<br />

regiões eram importantes para a subsistência alimentar dos pescadores e seus familiares,<br />

ou para a venda directa das capturas a outros consumidores. Com efeito, a pesca<br />

<strong>de</strong>senvolvida em litorais e costas <strong>rochoso</strong>s do Chile, bem como <strong>no</strong>utros países costeiros da<br />

América Latina, tem uma elevada importância socioeconómica, representando uma<br />

significativa fonte <strong>de</strong> alimento para subsistência e emprego (Siegfried e outros, 1994;<br />

Castilla e Defeo, 2001). No caso da exploração <strong>humana</strong> dos litorais <strong>rochoso</strong>s do Transkei,<br />

na África do Sul, a importância comercial é relativamente baixa, mas tem um elevado<br />

significado para a subsistência alimentar das pessoas que vivem junto à costa,<br />

<strong>no</strong>meadamente em ambiente rural, po<strong>de</strong>ndo o marisqueio fornecer até 8% da proteína<br />

anualmente consumida (Hockey e outros, 1988; Lasiak, 1993a, 1997). O mesmo se passa<br />

<strong>no</strong>utras regiões costeiras sul-africanas, tendo a elevada importância da pesca <strong>de</strong><br />

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