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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Destas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação, a que parece ser mais lúdico-recreativa é a pesca<br />

à linha com cana, por ser frequentemente praticada como passatempo e sem a expectativa<br />

<strong>de</strong> “encher o bal<strong>de</strong>”, ou seja, <strong>de</strong> capturar muito peixe ou marisco, para comer e/ou ven<strong>de</strong>r.<br />

Na pesca submarina, as motivações lúdicas ou recreativas também parecem ser<br />

importantes, aten<strong>de</strong>ndo à fraca produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos dos locais escolhidos pelos<br />

pescadores submari<strong>no</strong>s e às geralmente reduzidas capturas.<br />

Devido à importância comercial do percebe (Cruz, 2000), a sua apanha po<strong>de</strong><br />

envolver quantida<strong>de</strong>s gran<strong>de</strong>s, até algumas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilos por pescador e por baixa-<br />

mar, sendo a activida<strong>de</strong> que parece ser mais frequentemente praticada com intuitos<br />

comerciais e sem fins recreativos ou <strong>de</strong> subsistência.<br />

No fim do Inver<strong>no</strong> e início da Primavera e, especialmente, durante a Páscoa, estas<br />

activida<strong>de</strong>s também são bastante intensas, <strong>no</strong>meadamente as <strong>de</strong> marisqueio, com <strong>de</strong>staque<br />

para a apanha <strong>de</strong> ouriço-do-mar em períodos <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas. De acordo com<br />

informações obtidas junto <strong>de</strong> vários pescadores locais, as gónadas <strong>de</strong>stes invertebrados<br />

(principal razão da exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> equi<strong>no</strong><strong>de</strong>rmes equinói<strong>de</strong>s - ver Conand e Sloan,<br />

1989) encontram-se mais <strong>de</strong>senvolvidas <strong>no</strong> Inver<strong>no</strong> e <strong>no</strong> início da Primavera, o que foi<br />

corroborado pelas observações <strong>de</strong> Angélico, 1990, a oeste <strong>de</strong> Sesimbra, mas não<br />

confirmado por Guiomar, 1997, na costa alentejana.<br />

Esta apanha <strong>de</strong> ouriço-do-mar é geralmente efectuada durante a baixa-mar e por<br />

pessoas que se <strong>de</strong>slocam a pé na zona <strong>litoral</strong>, embora também seja exercida por<br />

mergulhadores em apneia. Em ambos os casos, esta activida<strong>de</strong> explora sobretudo níveis <strong>de</strong><br />

maré inferiores ou subtidais pouco profundos, on<strong>de</strong> as respectivas presas são mais<br />

abundantes e maiores (Angélico, 1990; Guiomar, 1997), sendo, assim, mais intensa quando<br />

a agitação marítima é me<strong>no</strong>r. Tradicionalmente, esta activida<strong>de</strong> é praticada por grupos <strong>de</strong><br />

familiares e/ou amigos que, após a apanha <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sta espécie,<br />

costumam cozinhar os ouriço-do-mar e comer as suas gónadas em confraternizações ao ar<br />

livre. Sendo estas “ouriçadas” efectuadas sobretudo em feriados ou fins <strong>de</strong> semana, como<br />

os pascais, a componente lúdica e tradicional <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> é importante (ver citação <strong>de</strong><br />

Tavares da Silva e Soares, 1997, <strong>no</strong> início do presente trabalho).<br />

No entanto, pelas razões acima expostas, a apanha <strong>de</strong> ouriço-do-mar po<strong>de</strong><br />

também ser frequente durante o Inver<strong>no</strong>, embora seja geralmente limitada a dias <strong>de</strong> mar<br />

mais calmo.<br />

Todo o <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> é explorado, parecendo a intensida<strong>de</strong> ser mais<br />

reduzida em locais com acesso por terra mais difícil, com arribas mais altas, e/ou mais<br />

distantes dos principais aglomerados urba<strong>no</strong>s e/ou das praias are<strong>no</strong>sas mais turísticas,<br />

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