Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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Resumo<br />
Observações preliminares e informações previamente obtidas junto <strong>de</strong><br />
pescadores locais fizeram supor que a exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> recursos vivos era muito<br />
intensa <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>. Consi<strong>de</strong>rando que esta exploração é rara e<br />
pontualmente controlada ou regulamentada, que a sua intensida<strong>de</strong> parece ten<strong>de</strong>r a<br />
aumentar, e que o seu impacte ecológico po<strong>de</strong> ser elevado e persistente, o presente<br />
estudo preten<strong>de</strong>u avaliar a intensida<strong>de</strong> e o rendimento das principais activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
predação <strong>humana</strong> exercidas <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, analisar o seu impacte<br />
ecológico, e discutir e propor medidas <strong>de</strong> gestão e conservação dos recursos e habitats<br />
afectados.<br />
A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s foi estudada mediante a análise <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong><br />
variação espacial e temporal da abundância <strong>de</strong> pessoas que utilizaram durante o dia o<br />
<strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, em função <strong>de</strong> factores como a altura e a amplitu<strong>de</strong> da maré, o<br />
período do a<strong>no</strong>, a utilida<strong>de</strong> dos dias, a praia (alguns quilómetros <strong>de</strong> extensão) e o local<br />
(algumas centenas <strong>de</strong> metros <strong>de</strong> extensão). A respectiva amostragem foi efectuada<br />
directamente, durante dois a<strong>no</strong>s consecutivos, em oito praias cuja extensão <strong>de</strong> linha <strong>de</strong><br />
costa totaliza cerca <strong>de</strong> 22km. Os resultados <strong>de</strong>sta análise revelaram que o <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />
alenteja<strong>no</strong> foi frequente e intensamente utilizado pelo Homem para a exploração <strong>de</strong><br />
recursos vivos, tendo sido diversas as espécies-alvo, bem como as motivações dos<br />
utilizadores (subsistência alimentar, comércio ou recreação). Quando consi<strong>de</strong>radas em<br />
conjunto, estas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação, bem como as que não envolveram a predação<br />
<strong>de</strong> organismos marinhos, foram geralmente mais intensas <strong>no</strong> Verão, durante a baixa-mar<br />
<strong>de</strong> marés vivas, em dias não úteis, em praias mais próximas <strong>de</strong> praias are<strong>no</strong>sas<br />
turísticas, e quando o mar estava me<strong>no</strong>s agitado, o vento era me<strong>no</strong>s intenso e o céu<br />
estava me<strong>no</strong>s nublado. As activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio foram as que envolveram maior<br />
número <strong>de</strong> pessoas, embora tenham sido exercidas sobretudo em níveis <strong>de</strong> maré<br />
inferiores e quase exclusivamente em períodos <strong>de</strong> baixa-mar, enquanto a pesca à linha<br />
foi praticada com maior frequência, tanto em baixa-mar como em preia-mar. As principais<br />
presas do marisqueio intertidal foram o polvo (Octopus vulgaris), a navalheira (Necora<br />
puber), o ouriço-do-mar (Paracentrotus lividus), o percebe (Pollicipes pollicipes), os<br />
burriés (Osilinus lineatus, O. colubrina, Gibbula umbilicalis e G. pennanti), o mexilhão<br />
(Mytilus galloprovincialis) e as lapas (Patella ulyssiponensis, P. vulgata e P. <strong>de</strong>pressa). A<br />
pesca à linha, dirigida a diversos peixes teleósteos, envolveu frequentemente a apanha<br />
<strong>de</strong> isco durante a baixa-mar. Os valores médios diários <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> global, <strong>de</strong><br />
pescadores à linha, e <strong>de</strong> mariscadores em baixa-mar correspon<strong>de</strong>ram, respectivamente,<br />
a cerca <strong>de</strong> 7,8, 2 e 9,4 pessoas por quilómetro <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costa.<br />
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