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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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1- Introdução geral<br />

Contexto histórico<br />

Como fonte alimentar directa, as zonas litorais (<strong>no</strong> presente trabalho, o termo<br />

<strong>litoral</strong> é utilizado como sinónimo <strong>de</strong> zona entre-marés, ou intertidal) europeias têm sido<br />

utilizadas pelo Homem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Paleolítico inferior, há algumas centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong><br />

a<strong>no</strong>s (Tavares da Silva e Soares, 1997). Com efeito, há, pelo me<strong>no</strong>s, 300000 a<strong>no</strong>s,<br />

habitantes pré-históricos <strong>de</strong> costas europeias do Mediterrâneo alimentaram-se <strong>de</strong><br />

animais intertidais marinhos (Siegfried, 1994).<br />

A intensificação <strong>de</strong>ste uso foi verificada a partir do Mesolítico, há cerca <strong>de</strong> 7500<br />

a<strong>no</strong>s, <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> diversificação <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> subsistência, em<br />

resposta à <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> recursos alimentares <strong>de</strong> maior rendimento, como a caça<br />

grossa (Tavares da Silva e Soares, 1997). Com base em conchas, ossos e outros<br />

vestígios <strong>de</strong>positados com regularida<strong>de</strong> variável, foi possível <strong>de</strong>monstrar a utilização<br />

frequente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> este período, <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s (<strong>no</strong> presente trabalho, são<br />

consi<strong>de</strong>rados litorais <strong>rochoso</strong>s os dominados por substrato duro), estuari<strong>no</strong>s e lagunares<br />

europeus para a apanha <strong>de</strong> moluscos, crustáceos e peixes (Tavares da Silva e Soares,<br />

1997). Segundo Raffaelli e Hawkins (1996), a apanha generalizada <strong>de</strong> marisco para<br />

subsistência foi comum na Europa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos pré-históricos até ao fim da Ida<strong>de</strong><br />

Média.<br />

Na região em estudo, a costa alentejana, foram encontrados vários <strong>de</strong>pósitos<br />

<strong>de</strong>ste tipo, que atestam a utilização especializada <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s e estuari<strong>no</strong>s para o<br />

marisqueio (<strong>no</strong> presente trabalho, marisqueio e apanha <strong>de</strong> marisco são consi<strong>de</strong>rados<br />

sinónimos e correspon<strong>de</strong>ntes à captura <strong>humana</strong> <strong>de</strong> invertebrados, geralmente crustáceos<br />

ou moluscos, para fins alimentares), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Epipaleolítico, há cerca <strong>de</strong> 10400 a<strong>no</strong>s,<br />

assim como outros vestígios da utilização <strong>humana</strong> <strong>de</strong> recursos vivos costeiros, como<br />

tanques <strong>de</strong> salga <strong>de</strong> peixe, utilizados entre os séculos I e V d. C. (Tavares da Silva e<br />

Soares, 1993; 1997; 1998a; 1998b).<br />

De acordo com estudos sobre <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>ste tipo, realizados em diferentes<br />

regiões (ver revisão <strong>de</strong> Siegfried e outros, 1994), alterações temporais da abundância<br />

relativa e do tamanho das espécies exploradas indicam que, em alguns casos, a<br />

exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> recursos vivos litorais provocou impactes significativos nas<br />

populações <strong>de</strong> presas, embora outros factores, relacionados com alterações ambientais,<br />

possam ter sido também importantes. No entanto, em muitos outros casos, não há razões<br />

para sugerir que esta exploração tenha sido um problema para a conservação a longo<br />

prazo <strong>de</strong> espécies costeiras (Un<strong>de</strong>rwood, 1993; Siegfried e outros, 1994).<br />

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