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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da disponibilida<strong>de</strong> local <strong>de</strong> adultos reprodutores. Contudo, citando diversos<br />

estudos sobre esta relação, realizados com diferentes espécies <strong>de</strong> lapas, incluindo do<br />

género Patella, Branch e O<strong>de</strong>ndaal (2003) referem que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adultos po<strong>de</strong> ter<br />

efeitos positivos, negativos ou nulos sobre o recrutamento <strong>de</strong> juvenis. Por outro lado, estes<br />

dois trabalhos referem que a acção <strong>de</strong>predativa do Homem também po<strong>de</strong> ter impactes<br />

positivos, tanto directa como indirectamente, nas populações <strong>de</strong> herbívoros <strong>de</strong> litorais<br />

<strong>rochoso</strong>s, <strong>no</strong>meadamente <strong>de</strong> lapas: reduzindo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predadores <strong>de</strong>stes<br />

herbívoros (por exemplo, aves e peixes); e diminuindo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das próprias presas,<br />

pelo facto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r aumentar a sua taxa <strong>de</strong> crescimento ou mesmo a produção <strong>de</strong> gâmetas,<br />

que são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em muitas espécies.<br />

Mediante o estudo <strong>de</strong> áreas protegidas e exploradas, e <strong>de</strong> locais expostos e<br />

abrigados em cada tipo <strong>de</strong> área, Branch e O<strong>de</strong>ndaal (2003) observaram que os efeitos da<br />

exposição à ondulação tiveram sentido e magnitu<strong>de</strong> semelhante aos da predação <strong>humana</strong><br />

na população <strong>de</strong> uma lapa sul-africana (Cymbula oculus): assim como as lapas adultas <strong>de</strong><br />

áreas protegidas, as <strong>de</strong> locais mais abrigados apresentaram maior dimensão, biomassa,<br />

proporção <strong>de</strong> fêmeas (C. oculus é hermafrodita protândrica), produção <strong>de</strong> gâmetas e taxa <strong>de</strong><br />

sobrevivência; a taxa <strong>de</strong> crescimento foi maior em locais mais abrigados mas não foi<br />

afectada pela exploração; complementarmente, o recrutamento <strong>de</strong> juvenis foi maior em<br />

áreas exploradas e em locais expostos, tendo apresentado uma correlação negativa com a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adultos. De qualquer modo, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stes efeitos da exposição à<br />

ondulação só foi possível em áreas protegidas, tendo sido mascarados pela predação<br />

<strong>humana</strong> nas áreas exploradas (Branch e O<strong>de</strong>ndaal, 2003).<br />

Como atrás foi referido, a apanha <strong>de</strong> lapas <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> apresentou<br />

valores <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> rendimento bastante superiores aos aparentemente verificados <strong>no</strong>s<br />

Açores, on<strong>de</strong> a exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong>stes moluscos é actualmente sujeita a diversas<br />

medidas regulamentares, <strong>de</strong>vido ao facto <strong>de</strong> os respectivos stocks terem sido recentemente<br />

sobreexplorados e estarem ainda em fase <strong>de</strong> recuperação nalgumas ilhas (Santos e outros,<br />

1995; Hawkins e outros, 2000; Ferraz e outros, 2001).<br />

Tal como referem Martins e outros (1987) e Hawkins e outros (2000), uma das<br />

razões da vulnerabilida<strong>de</strong> das populações <strong>de</strong> lapas açorianas, relativamente à exploração<br />

<strong>humana</strong>, está relacionada com o facto <strong>de</strong> as respectivas espécies, <strong>no</strong>meadamente P.<br />

aspera, serem provavelmente hermafroditas protândricas. Por outro lado, os mesmos<br />

autores referem também a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o recrutamento <strong>de</strong>stas espécies ser baixo neste<br />

arquipélago, <strong>de</strong>vido à perda <strong>de</strong> larvas motivada pelo isolamento <strong>de</strong>stas populações<br />

insulares, sugerido pela ocorrência <strong>de</strong> diferenciação genética a pequena escala (Weber e<br />

outros, 1998; Weber e Hawkins, 2002).<br />

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