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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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sustentabilida<strong>de</strong> da sua exploração <strong>humana</strong> possa ser ameaçada pelo potencial aumento da<br />

intensida<strong>de</strong> da apanha <strong>de</strong> lapas neste habitat. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer tal aumento é<br />

elevada, aten<strong>de</strong>ndo ao interesse comercial da exportação <strong>de</strong> lapas para o arquipélago dos<br />

Açores, ao elevado número total <strong>de</strong> mariscadores, relativamente à baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apanhadores <strong>de</strong> lapas, à referida tendência <strong>de</strong> aumento da procura <strong>de</strong> marisco e da<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da população <strong>humana</strong> <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> português, à mencionada facilida<strong>de</strong> da captura<br />

<strong>de</strong> lapas, ainda abundantes ao longo da zona intertidal, e à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exaustão, na<br />

região em estudo, do stock <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong> marisco mais capturadas, como é o caso<br />

do percebe.<br />

Tendo em conta estas características e potencialida<strong>de</strong>s da apanha <strong>de</strong> lapas <strong>no</strong><br />

<strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, bem como o facto <strong>de</strong> as lapas Patella serem abundantes nesta<br />

região (Guerra e Gaudêncio, 1986; Boaventura e outros, 2002c; Sousa, 2002), o seu estudo<br />

po<strong>de</strong>r ser relativamente fácil na zona intertidal (Hawkins e Jones, 1992; Raffaelli e Hawkins,<br />

1996), e possuírem uma elevada importância ecológica (Branch, 1981), a sua exploração foi<br />

escolhida, <strong>no</strong> presente trabalho, para analisar o impacte ecológico <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

predação <strong>humana</strong> <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>.<br />

Com efeito, sendo relativamente se<strong>de</strong>ntárias e abundantes em diversos níveis <strong>de</strong><br />

maré (Guerra e Gaudêncio, 1986; Boaventura e outros, 2002c; Sousa, 2002), as lapas são<br />

bastante mais fáceis <strong>de</strong> amostrar, na região costeira em estudo, que as outras espécies<br />

acima referidas: o polvo ou a navalheira, possuidores <strong>de</strong> uma mobilida<strong>de</strong> muito maior e <strong>de</strong><br />

uma distribuição quase exclusivamente subtidal (Alvarez, 1968; Sousa Reis e outros, 1984;<br />

Guerra, 1992); o ouriço-do-mar, cujos indivíduos com tamanho explorável são mais<br />

abundantes em níveis subtidais ou <strong>no</strong>s níveis mais inferiores da zona intertidal (Nobre,<br />

1938; Angélico, 1990; Guiomar, 1997); o percebe ou o mexilhão, abundantes apenas em<br />

locais geralmente sujeitos a elevado hidrodinamismo e em níveis <strong>de</strong> maré inferiores ou<br />

subtidais (Saldanha, 1974; Cruz, 2000; Silva, 2002b); e os burriés, mais móveis e<br />

abundantes em habitats muito heterogéneos, como frestas e poças <strong>de</strong> maré (Salvador,<br />

2002).<br />

No respeitante à sua importância ecológica, as lapas po<strong>de</strong>m ter, mediante efeitos<br />

directos e indirectos, uma profunda influência <strong>no</strong>s padrões <strong>de</strong> abundância e distribuição <strong>de</strong><br />

organismos que vivem em substratos duros litorais (Un<strong>de</strong>rwood, 1979; Branch, 1981;<br />

Hawkins e Hart<strong>no</strong>ll, 1983, 1992; Bene<strong>de</strong>tti-Cecchi, 2000). Na maioria das lapas, estes<br />

efeitos são primariamente <strong>de</strong>vidos à sua activida<strong>de</strong> herbívora, dirigida, em parte, a<br />

macrófitos mas sobretudo à película microbiana e <strong>de</strong>trítica que estes moluscos raspam na<br />

superfície <strong>de</strong> substratos duros para se alimentarem <strong>de</strong> microalgas bentónicas (por exemplo,<br />

diatomáceas e cia<strong>no</strong>bactérias), esporos e propágulos germinais <strong>de</strong> algas, e <strong>de</strong>tritos<br />

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