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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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No entanto, outros factores po<strong>de</strong>rão estar também em jogo nesta selecção<br />

espacial, <strong>de</strong>signadamente a distribuição e a abundância das presas. Com efeito, <strong>de</strong> acordo<br />

com informações obtidas junto <strong>de</strong> pescadores locais, e com diversas observações directas<br />

efectuadas em apneia <strong>no</strong> habitat e na região em estudo, a maioria dos peixes mais<br />

pretendidos nesta activida<strong>de</strong>, como o sargo, o robalo, a safia e, ocasionalmente, a salema, é<br />

geralmente mais abundante e maior em zonas expostas à ondulação, próximas da<br />

rebentação das ondas, comparativamente a zonas mais abrigadas. Nestas, on<strong>de</strong> a água é<br />

geralmente me<strong>no</strong>s turva, é mais comum os pescadores à linha preten<strong>de</strong>rem capturar outros<br />

peixes, <strong>no</strong>meadamente os burrinhos, ou peque<strong>no</strong>s exemplares <strong>de</strong> outras espécies <strong>de</strong><br />

peixes, como, por exemplo <strong>de</strong> safia. Porém, estas zonas, que são mais abrigadas <strong>de</strong>vido à<br />

irregularida<strong>de</strong> da linha <strong>de</strong> costa, per<strong>de</strong>m gran<strong>de</strong> parte do abrigo em preia-mar, sendo<br />

provável que esta razão tenha sido importante para o facto <strong>de</strong> ter sido durante a baixa-mar<br />

que o nível abrigado foi mais utilizado.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo a tais factores e a que a pesca à linha com cana po<strong>de</strong> ser efectuada, a<br />

partir <strong>de</strong> terra, durante a maré cheia ou quando o mar está agitado, a partir <strong>de</strong> arribas ou<br />

falésias sobranceiras ao local <strong>de</strong> exploração, é compreensível que o nível supratidal tenha<br />

sido mais utilizado em preia-mar, quando a zona intertidal estava total ou praticamente<br />

imersa, ou <strong>no</strong> Inver<strong>no</strong>, quando, em baixa-mar ou preia-mar, a agitação marítima foi maior<br />

(Costa, 1994) e tor<strong>no</strong>u mais perigosa a presença <strong>humana</strong> <strong>no</strong> <strong>litoral</strong>, <strong>no</strong>meadamente <strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

substrato duro (Baptista, 2001; Jesus, 2003).<br />

Consi<strong>de</strong>rando a totalida<strong>de</strong> das observações efectuadas, a correlação entre o<br />

número <strong>de</strong> pescadores à linha e a agitação marítima em diferentes níveis <strong>de</strong> exposição à<br />

ondulação foi significativa e negativa <strong>no</strong>s níveis exposto e supratidal, e foi não significativa<br />

<strong>no</strong> nível abrigado. Estes resultados vão <strong>de</strong> encontro à referida maior importância do<br />

hidrodinamismo nas activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesca à linha exercidas <strong>no</strong>s dois primeiros níveis.<br />

Embora a pesca à linha recreativa possa ser relativamente selectiva, dirigindo-se a<br />

uma ou poucas espécies alvo e a peixes com maior dimensão (Coetzee e outros, 1989;<br />

Bennett e Attwood, 1991, 1993; Penney e outros, 1999), os pescadores à linha, sobretudo<br />

os recreativos, po<strong>de</strong>m exercer a sua activida<strong>de</strong> por diversos motivos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a captura da<br />

maior quantida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong> peixes gran<strong>de</strong>s à fruição da paisagem aquática e <strong>de</strong>volução<br />

das presas, não sendo possível caracterizar o perfil médio <strong>de</strong> um pescador <strong>de</strong>ste tipo<br />

(Fedler e Ditton, 1986; Kingsford e outros, 1991).<br />

Nas obras consultadas não foi encontrada alguma referência à análise da variação<br />

da intensida<strong>de</strong> da pesca à linha em litorais <strong>rochoso</strong>s, relativamente ao nível <strong>de</strong> exposição à<br />

ondulação.<br />

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