Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...
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orgânicos (Un<strong>de</strong>rwood, 1979; Branch, 1981; Steneck e Watling, 1982; Hill e Hawkins, 1991;<br />
Thompson e outros, 2000).<br />
A importância dos efeitos directos <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> alimentar sobre o recrutamento<br />
e o crescimento <strong>de</strong> macroalgas foi <strong>de</strong>monstrada em diversas experiências manipulativas,<br />
nas quais a diminuição da abundância <strong>de</strong> lapas provocou geralmente um aumento da<br />
abundância <strong>de</strong> algas (por exemplo, Hawkins e Hart<strong>no</strong>ll, 1983; Un<strong>de</strong>rwood e Jernakoff, 1984;<br />
Farrell, 1991; Jenkins e outros, 1999; Bene<strong>de</strong>tti-Cecchi, 2000; Bene<strong>de</strong>tti-Cecchi e outros,<br />
2001; Boaventura e outros, 2002a; Arrontes e outros, 2004). As interacções entre algas e<br />
lapas são tão fortes que po<strong>de</strong>m ter influenciado a sua evolução, aten<strong>de</strong>ndo às <strong>de</strong>fesas<br />
químicas e morfológicas anti-herbivoria que muitas espécies <strong>de</strong> algas possuem, e a vários<br />
exemplos <strong>de</strong> especialização e aparente mutualismo (Steneck e Watling, 1982; Hay e<br />
Fenical, 1988, 1992; Santelices, 1992; Steneck, 1992; ver, <strong>no</strong> entanto, Foster, 1992). Por<br />
outro lado, as lapas po<strong>de</strong>m exercer uma importante pressão competitiva, tanto<br />
intraespecifica como interespecificamente, e afectar o crescimento, o recrutamento e a<br />
reprodução <strong>de</strong> outros organismos (Branch, 1975b, 1975c, 1981; Un<strong>de</strong>rwood, 1979, 1992;<br />
Creese e Un<strong>de</strong>rwood, 1982; Boaventura e outros, 2002b, 2003).<br />
Quando as lapas são objecto <strong>de</strong> intensa e regular exploração <strong>humana</strong>, tais<br />
interacções tróficas e competitivas são profundamente afectadas, produzindo-se efeitos<br />
directos e previsíveis, bem como efeitos indirectos, que po<strong>de</strong>m ser diversos e são, assim,<br />
me<strong>no</strong>s previsíveis (ver revisões <strong>de</strong> Branch e More<strong>no</strong>, 1994; Pinnegar e outros, 2000;<br />
More<strong>no</strong>, 2001). Diminuindo a abundância e o tamanho das presas (secção 3), a exploração<br />
<strong>humana</strong> <strong>de</strong> lapas herbívoras provoca geralmente um aumento da abundância <strong>de</strong> algas,<br />
<strong>no</strong>meadamente das espécies que são consumidas por estes moluscos (Dye, 1992, 1993;<br />
Sharpe e Keough, 1998), e po<strong>de</strong> provocar, indirectamente, um aumento da taxa <strong>de</strong><br />
crescimento e fecundida<strong>de</strong> das presas e <strong>de</strong> outras lapas não exploradas (Godoy e More<strong>no</strong>,<br />
1989; Branch e O<strong>de</strong>ndaal, 2003), bem como alterações da abundância <strong>de</strong> animais sésseis,<br />
como as cracas, que competem por espaço com as algas e cujo assentamento e posterior<br />
sobrevivência po<strong>de</strong>m ser afectados positiva ou negativamente pela activida<strong>de</strong> alimentar das<br />
lapas (Hawkins, 1983; Un<strong>de</strong>rwood e outros, 1983; Farrell, 1991; Holmes, 2002), sendo<br />
possível <strong>de</strong>tectar o impacte <strong>de</strong>sta exploração ao nível da estrutura global da comunida<strong>de</strong><br />
afectada (Lasiak e Field, 1995; Lasiak, 1998, 1999). Por outro lado, a cessação ou<br />
diminuição da exploração <strong>humana</strong> <strong>de</strong> lapas, resultantes da protecção do <strong>litoral</strong>, po<strong>de</strong>m<br />
provocar efeitos contrários (Durán e Castilla, 1989; Branch e O<strong>de</strong>ndaal, 2003). No entanto,<br />
tais efeitos po<strong>de</strong>m ser diferentes se esta exploração for pouco intensa ou se, <strong>no</strong>s locais<br />
protegidos, a produtivida<strong>de</strong> primária for me<strong>no</strong>r, o recrutamento <strong>de</strong> lapas for me<strong>no</strong>s intenso<br />
ou as lapas mais velhas se encontrarem senescentes (Lasiak, 1993b).<br />
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