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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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medidas <strong>de</strong> gestão, com vista à utilização sustentável <strong>de</strong>stes recursos vivos e dos seus<br />

habitats. Com base em inquéritos feitos na costa sudoeste <strong>de</strong> Portugal continental a<br />

apanhadores amadores e profissionais <strong>de</strong> percebe, Jesus (2003) refere que a maioria dos<br />

51 profissionais entrevistados consi<strong>de</strong>ra que, <strong>de</strong> 1999 a 2002, o tamanho do percebe<br />

diminuiu e que esta evolução foi <strong>de</strong>vida sobretudo ao excesso <strong>de</strong> exploração, embora os 10<br />

amadores entrevistados tenham consi<strong>de</strong>rado que esta evolução foi nula. No entanto, os<br />

mesmos apanhadores consi<strong>de</strong>raram maioritariamente que o rendimento <strong>de</strong>sta exploração<br />

não variou naquele período, mas os que afirmaram que este rendimento diminuiu, culparam<br />

sobretudo a intensida<strong>de</strong> da apanha <strong>de</strong>ste recurso, que a maioria consi<strong>de</strong>rou ter aumentado<br />

<strong>no</strong> mesmo período. Quando à totalida<strong>de</strong> dos apanhadores entrevistados (N= 67) foi pedida a<br />

sugestão <strong>de</strong> duas medidas para a gestão <strong>de</strong>sta exploração, a maioria consi<strong>de</strong>rou importante<br />

controlar o tamanho e a quantida<strong>de</strong> do percebe capturado, restringir o número <strong>de</strong><br />

apanhadores, respeitar o crescimento <strong>de</strong>sta espécie, e fiscalizar, regulamentar e or<strong>de</strong>nar<br />

esta activida<strong>de</strong>, profissionalizando e legalizando os apanhadores profissionais (Jesus,<br />

2003).<br />

No <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Espanha, on<strong>de</strong> esta espécie é intensamente explorada para consumo<br />

alimentar huma<strong>no</strong>, a sobreexploração foi apontada como a causa principal da diminuição do<br />

rendimento <strong>de</strong>sta activida<strong>de</strong> (Goldberg, 1984; Molares, 1994; Molares e Freire, 2003). A<br />

partir <strong>de</strong> 1970, <strong>de</strong>pois dos stocks locais <strong>de</strong>sta espécie terem sido severamente esgotados,<br />

foram tomadas fortes medidas <strong>de</strong> conservação do percebe nesta região costeira, cujo<br />

cumprimento não foi generalizado (Goldberg, 1984), e a elevada procura comercial <strong>de</strong>ste<br />

crustáceo foi parcialmente satisfeita por importação (Molares e Freire, 2003). No início da<br />

década <strong>de</strong> 80 do século passado, começaram a ser aplicados, na Galiza, pla<strong>no</strong>s anuais <strong>de</strong><br />

recuperação e exploração <strong>de</strong>sta espécie, baseados em conhecimentos biológicos entretanto<br />

adquiridos, que tiveram êxito (Molares, 1994) e começaram a ser aplicados mediante co-<br />

gestão a partir <strong>de</strong> 1992, esten<strong>de</strong>ndo-se actualmente a diversas zonas da costa galega<br />

(CPAM, 2002; Molares e Freire, 2003). Segundo estes autores, este sistema foi iniciado com<br />

a implementação <strong>de</strong> TURF (“territorial user rights for fishing”), mediante a partilha da<br />

responsabilida<strong>de</strong> da exploração entre associações profissionais <strong>de</strong> apanhadores <strong>de</strong> percebe<br />

e autorida<strong>de</strong>s governamentais.<br />

Apesar <strong>de</strong> esta espécie po<strong>de</strong>r ser muito abundante em litorais <strong>rochoso</strong>s com<br />

elevada exposição à ondulação dominante, a sua recuperação, face a uma apanha<br />

<strong>de</strong>masiado intensa, po<strong>de</strong> ser dificultada pela ocupação do substrato explorado por parte <strong>de</strong><br />

outras espécies (por exemplo, mexilhão ou algas) e pelo facto <strong>de</strong> o assentamento<br />

(“settlement”) e recrutamento do percebe ser mais abundante <strong>no</strong> pedúnculo <strong>de</strong> indivíduos da<br />

mesma espécie (Molares, 1994; Cruz, 2000). Efectivamente, com o objectivo <strong>de</strong> aumentar a<br />

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