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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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por parte da maioria das lapas presentes, a sua área total po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada vital para a<br />

fixação e alimentação <strong>de</strong>stes moluscos.<br />

Este uso do termo território não significa, necessariamente (Un<strong>de</strong>rwood, 1979),<br />

que as lapas em causa possuam comportamentos territoriais, ou mesmo “jardins” <strong>de</strong> algas,<br />

tal como foi <strong>de</strong>scrito <strong>no</strong>utras espécies (Stimson, 1973; Branch, 1975c, 1981; Branch e<br />

outros, 1992). No sentido usado por Stimson (1973), a territorialida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong> à<br />

ocupação prolongada <strong>de</strong> uma área e sua <strong>de</strong>fesa contra intrusões <strong>de</strong> membros da mesma<br />

espécie. Aten<strong>de</strong>ndo a que os referidos territórios alimentares são geralmente ocupados por<br />

vários exemplares da mesma espécie <strong>de</strong> lapa, <strong>no</strong>meadamente <strong>de</strong> P. ulyssiponensis, aquela<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> territorialida<strong>de</strong> não se aplica neste caso.<br />

Numa análise comparativa <strong>de</strong> onze espécies <strong>de</strong> Patella que ocorrem em litorais<br />

sul-africa<strong>no</strong>s, Branch (1975c, 1981) distinguiu as que possuem comportamento migratório<br />

(os juvenis recrutam em níveis <strong>de</strong> maré inferiores e, à medida que se tornam adultos,<br />

<strong>de</strong>slocam-se para níveis superiores) das que não migram verticalmente, tendo referido que<br />

as espécies pertencentes a estes dois grupos possuem diferentes estratégias <strong>de</strong> redução da<br />

competição intraespecífica. Com base neste estudo, Thompson (1979) afirmou po<strong>de</strong>r<br />

concluir-se que P. ulyssiponensis partilha muitas características com as espécies<br />

classificadas como não migratórias e que apresentaram, por exemplo: uma distribuição<br />

vertical mais restrita e, geralmente, limitada a níveis <strong>de</strong> maré inferiores ou a habitats<br />

subtidais; uma alimentação mais específica; maior agressivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>fesa territorial; casa<br />

(traduzindo à letra os termos “home” ou “home scar”, utilizados pela respectiva literatura<br />

inglesa; ver, por exemplo, revisão <strong>de</strong> Branch, 1981) mais permanente; e comportamento <strong>de</strong><br />

retor<strong>no</strong> a casa (traduzindo o termo “homing” utilizado pela respectiva literatura inglesa; ver,<br />

por exemplo, revisão <strong>de</strong> Branch, 1981) mais rígido.<br />

Com efeito, embora P. ulyssiponensis possa efectuar <strong>de</strong>slocações migratórias<br />

(Delany e outros, 1998; Sousa, 2002), o seu comportamento <strong>de</strong> retor<strong>no</strong> a casa foi<br />

consi<strong>de</strong>rado uma característica regular por Cook e outros (1969) e, com base neste<br />

trabalho, Branch (1981) classificou este comportamento como rígido. Porém, Un<strong>de</strong>rwood<br />

(1979) referiu que Cook e outros (1969) não <strong>de</strong>monstraram quantitativamente que os<br />

observados comportamentos <strong>de</strong> retor<strong>no</strong> a casa não foram aleatórios.<br />

De acordo com as revisões <strong>de</strong> Branch (1981) e Hodgson (1999), vários autores<br />

observaram comportamento <strong>de</strong> retor<strong>no</strong> a casa em Patella <strong>de</strong>pressa, P. vulgata e Siphonaria<br />

pectinata. Com base em observações pessoais efectuadas ao longo <strong>de</strong>ste trabalho na<br />

região em estudo, estas espécies, bem como P. ulyssiponensis, apresentam geralmente, em<br />

níveis <strong>de</strong> maré inferiores, marcas <strong>de</strong> fixação ou <strong>de</strong> casa (“home scars”, ver atrás) bastante<br />

nítidas, sendo estas marcas me<strong>no</strong>s frequentes e evi<strong>de</strong>ntes <strong>no</strong> caso dos indivíduos mais<br />

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