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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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também ter contribuído para a observação <strong>de</strong> diferenças não significativas em função da<br />

amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> maré.<br />

Também na costa sul-africana, mas na região <strong>de</strong> Transkei, Lasiak (1997) observou<br />

que a intensida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> todas as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação variou entre o dobro e o<br />

décuplo durante a baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas, relativamente à das activida<strong>de</strong>s observadas<br />

em baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas. Segundo esta autora, cerca <strong>de</strong> 56% das pessoas que<br />

utilizavam o <strong>litoral</strong> em períodos <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas eram mariscadores, ao passo<br />

que a activida<strong>de</strong> mais popular durante a baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas foi a natação. Em<br />

termos gerais, a mesma autora observou que, quando a amplitu<strong>de</strong> da maré baixa foi maior,<br />

cerca <strong>de</strong> 80% dos visitantes huma<strong>no</strong>s exerceram activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>predativas, tendo este valor<br />

sido cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> em baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas. No presente trabalho, foram obtidos<br />

valores bastante semelhantes aos observados por Lasiak (1997): a intensida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />

todas as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação foi cerca <strong>de</strong> 2,4 vezes maior durante a baixa-mar <strong>de</strong><br />

marés vivas, relativamente à das activida<strong>de</strong>s observadas em baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas;<br />

cerca <strong>de</strong> 61% das pessoas que utilizavam o <strong>litoral</strong> em períodos <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas<br />

eram mariscadores, e as activida<strong>de</strong>s mais populares durante a baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas<br />

foram o passeio ou o repouso e a pesca à linha; quando a amplitu<strong>de</strong> da maré baixa foi<br />

maior, cerca <strong>de</strong> 82% dos visitantes huma<strong>no</strong>s exerceram activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>predativas, tendo<br />

este valor sido cerca <strong>de</strong> 65% em baixa-mar <strong>de</strong> marés mortas. Nesta comparação, a principal<br />

diferença entre estes dois estudos diz respeito à maior importância <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>predativas registada <strong>no</strong> <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> em períodos <strong>de</strong> baixa-mar <strong>de</strong> marés<br />

mortas, resultante da elevada intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pescadores à linha observada nestes períodos<br />

e nesta região.<br />

Com base em inquéritos lançados a mariscadores indígenas <strong>de</strong>ssa região <strong>de</strong><br />

Transkei, Lasiak (1993a) constatou que, embora a maioria tenha afirmado que explora o<br />

<strong>litoral</strong> apenas em baixa-mar <strong>de</strong> marés vivas, cerca <strong>de</strong> 20 a 35% dos inquiridos afirmaram<br />

mariscar semanalmente. Sendo esta activida<strong>de</strong> maioritariamente exercida para a<br />

subsistência alimentar <strong>de</strong>stes indígenas, a mesma autora consi<strong>de</strong>ra que a periodicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta exploração também po<strong>de</strong> estar relacionada com a procura <strong>de</strong> alimento e não apenas<br />

com a acessibilida<strong>de</strong> das presas durante a maré baixa. Aten<strong>de</strong>ndo a que, na região em<br />

estudo, o marisqueio foi praticado em marés mortas e vivas, embora com me<strong>no</strong>r intensida<strong>de</strong><br />

nas primeiras, é <strong>de</strong> admitir que alguns mariscadores tenham explorado o <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong><br />

alenteja<strong>no</strong> com periodicida<strong>de</strong> semanal, ou mesmo maior, e que o tenham feito sobretudo por<br />

razões <strong>de</strong> subsistência alimentar. A realização <strong>de</strong> estudos semelhantes ao efectuado por<br />

Lasiak (1993a) po<strong>de</strong>rá contribuir para avaliar a <strong>de</strong>pendência alimentar dos mariscadores<br />

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