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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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que tais diferenças po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>vidas a este balanço entre propagação vegetativa e<br />

assentamento, tendo também sugerido que esta propagação po<strong>de</strong> ser dificultada pela<br />

herbivoria periférica <strong>de</strong> duas das espécies <strong>de</strong> lapa mais abundantes, pertencentes ao<br />

género Patella, e que se distribuem preferencialmente na periferia <strong>de</strong> tais espaços, inseridas<br />

como uma cunha por baixo das algas folhosas. No presente trabalho, esta distribuição<br />

também foi observada com frequência em P. ulyssiponensis e, embora não tenha sido<br />

analisada quantitativamente, po<strong>de</strong>rá ter tido importância na sua activida<strong>de</strong> alimentar, bem<br />

como ter sido resultante da acção <strong>de</strong> outros factores, como a <strong>de</strong>ssecação e o<br />

hidrodinamismo (maior humida<strong>de</strong> e protecção junto e <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> algas folhosas). Em níveis<br />

<strong>de</strong> maré superiores da costa oci<strong>de</strong>ntal <strong>no</strong>rte-americana, Farrell (1989) também observou<br />

uma distribuição periférica <strong>de</strong> lapas em espaços cuja cobertura biológica foi grosseiramente<br />

raspada, tendo sugerido que este comportamento po<strong>de</strong> proteger estes moluscos <strong>de</strong> aves<br />

predadoras, tornando-os me<strong>no</strong>s conspícuos sob algas e junto a cracas. Na região em<br />

estudo, as lapas intertidais são frequentemente consumidas por aves em períodos <strong>de</strong> baixa-<br />

mar, <strong>no</strong>meadamente pela rola-do-mar (Arenaria interpres; observações pessoais), tendo<br />

Marsh (1986) observado experimentalmente que a predação efectuada por aves,<br />

<strong>de</strong>signadamente do género Arenaria, po<strong>de</strong> reduzir drasticamente a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lapas <strong>de</strong><br />

tamanho médio (6-10mm) em áreas sem algas <strong>de</strong> níveis superiores <strong>de</strong> maré. Para além do<br />

tamanho, a forma (Airoldi, 2003) <strong>de</strong>stes territórios também po<strong>de</strong> ter tido influência <strong>no</strong>s<br />

respectivos padrões <strong>de</strong> resposta à perturbação experimental, tanto <strong>no</strong> que diz respeito à<br />

recolonização <strong>de</strong> lapas, como à variação da área vital <strong>de</strong>stes moluscos e da área coberta<br />

por outros organismos.<br />

Importância do período do a<strong>no</strong> e da frequência da perturbação<br />

De qualquer modo, é possível que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restauração das características<br />

iniciais das áreas experimentais que foram sujeitas a remoção <strong>de</strong> lapas, bem como a forma<br />

como esta restauração se processa, também variem com outros factores, como o período<br />

do a<strong>no</strong> e a frequência da perturbação. Estudos experimentais sobre o impacte do pisamento<br />

huma<strong>no</strong> em comunida<strong>de</strong>s intertidais testaram a influência da variação da frequência <strong>de</strong>sta<br />

perturbação, tendo sido observado que, em geral, as algas folhosas foram bastante<br />

afectadas, mesmo quando sujeitas a perturbações com baixa frequência (Milazzo e outros,<br />

2004), embora certas espécies só tenham apresentado da<strong>no</strong>s significativos quando a<br />

frequência <strong>de</strong> perturbação atingiu valores mais elevados, como suce<strong>de</strong>u com algas calcárias<br />

ou <strong>de</strong> maior porte (Povey e Keough, 1991). Se a remoção <strong>de</strong> lapas da experiência realizada<br />

<strong>no</strong> presente trabalho tivesse sido efectuada alguns meses <strong>de</strong>pois, <strong>no</strong> fim da Primavera ou<br />

<strong>no</strong> início do Verão, é provável que a recolonização, por assentamento, <strong>de</strong> exemplares<br />

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