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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Adicionalmente, o estado da exploração <strong>de</strong> algas marinhas agarófitas <strong>no</strong> Parque Natural<br />

do Sudoeste Alenteja<strong>no</strong> e Costa Vicentina (PNSACV) foi consi<strong>de</strong>rado preocupante por<br />

Beja (1988) e Santos e outros (2003).<br />

Relativamente aos efeitos indirectos da exploração <strong>de</strong> recursos vivos costeiros<br />

do PNSACV, é <strong>de</strong> referir, por exemplo, o caso da águia pesqueira (Pandion haliaetus),<br />

consi<strong>de</strong>rada quase extinta em Portugal, apesar <strong>de</strong> ter sido abundante há mais <strong>de</strong> 30 a<strong>no</strong>s<br />

(Palma e outros, 1986; 1999). Com efeito, foi apontada a perturbação causada pela<br />

excessiva presença <strong>de</strong> pescadores à linha em arribas <strong>de</strong> nidificação como uma das<br />

razões principais do progressivo <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong>sta espécie e da actual não<br />

ocorrência <strong>de</strong> nidificação <strong>no</strong> PNSACV (Beja, 1996; Palma e outros, 1999). Deste modo, a<br />

sua recuperação nesta área protegida parece ser altamente questionável sem acções <strong>de</strong><br />

gestão (Palma e outros, 1986; 1999) e a sua conservação foi consi<strong>de</strong>rada, por Palmeirim<br />

e outros (1994), <strong>de</strong> elevada priorida<strong>de</strong> na costa sudoeste portuguesa, em conjunto com a<br />

<strong>de</strong> outros vertebrados. Destes, é <strong>de</strong> citar, pela potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perturbação indirecta<br />

por activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> recursos vivos marinhos: a lontra (Lutra lutra), que<br />

ocorre nesta costa em habitats marinhos pouco profundos, on<strong>de</strong> se alimenta com<br />

frequência, o que constitui uma situação invulgar na Europa meridional; e a cegonha-<br />

branca (Ciconia ciconia), que utiliza falésias marinhas <strong>de</strong>sta costa para nidificação, o que<br />

é também relativamente invulgar.<br />

Conservação<br />

Apesar dos severos impactes antropogénicos a que os litorais <strong>rochoso</strong>s estão<br />

sujeitos, incluindo a exploração <strong>de</strong> recursos vivos, Thompson e outros (2002) consi<strong>de</strong>ram<br />

estes habitats me<strong>no</strong>s vulneráveis que muitos outros habitats aquáticos, <strong>de</strong>vido à dureza<br />

do seu substrato, à relativa ausência <strong>de</strong> estruturas biogénicas (como as que existem, por<br />

exemplo, em recifes <strong>de</strong> coral, sapais e campos <strong>de</strong> fanerogâmicas marinhas) e ao facto <strong>de</strong><br />

serem sistemas abertos. Com efeito, a recuperação das suas comunida<strong>de</strong>s, face ao<br />

impacte <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>humana</strong>s como as <strong>de</strong> predação, po<strong>de</strong> ser bastante rápida após a<br />

sua cessação, com base <strong>no</strong> recrutamento natural <strong>de</strong> larvas ou propágulos algais, que<br />

po<strong>de</strong>m ser provenientes <strong>de</strong> locais me<strong>no</strong>s perturbados, mesmo que sejam relativamente<br />

distantes (Hawkins e outros, 1999). Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que persistam algumas populações<br />

saudáveis, por exemplo em reservas marinhas, Crowe e outros (2000) consi<strong>de</strong>ram que a<br />

gestão <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s com vista à recuperação <strong>de</strong> locais perturbados tem uma<br />

razoável possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser eficaz.<br />

Apesar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte do <strong>litoral</strong> <strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong> ser protegido por lei, como<br />

é o caso da zona pertencente à faixa marinha do PNSACV, a única regulamentação<br />

<strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s actualmente em vigor nesta região correspon<strong>de</strong> à aplicada em geral<br />

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