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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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Estes resultados sugerem que a exploração <strong>humana</strong> afectou negativamente o<br />

rendimento da pesca à linha na costa rochosa alentejana, bem como a diversida<strong>de</strong> do<br />

pescado obtido neste habitat, embora o mesmo efeito não tenha sido <strong>de</strong>tectado nas<br />

restantes activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> predação nele exercidas. Nos conjuntos <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

marisqueio e predação, apenas foram <strong>de</strong>tectadas diferenças significativas entre praias, e<br />

estas somente se verificaram nas capturas efectuadas por pescador. Estas diferenças são<br />

provavelmente <strong>de</strong>vidas às capturas <strong>de</strong> percebe, que atingiram o maior peso médio por<br />

pescador e foram sobretudo efectuadas em duas das praias consi<strong>de</strong>radas (Almograve e<br />

Cabo Sardão, pertencentes ao primeiro e segundo conjunto, respectivamente), on<strong>de</strong> esta<br />

espécie é mais abundante <strong>de</strong>vido ao seu maior hidrodinamismo (Cruz, 2000). No entanto,<br />

quando a mesma análise do rendimento por pescador foi efectuada <strong>no</strong>s conjuntos <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio e predação, mas sem incluir os dados referentes à apanha <strong>de</strong><br />

percebe, também só o factor praia foi significativo.<br />

Na pesca à linha efectuada em períodos <strong>de</strong> enchente, os peixes cujo peso médio<br />

<strong>de</strong> captura por pescador variou mais entre praias sujeitas a diferente intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

exploração foram os burrinhos, a boga e o sargo, tendo sido os dois primeiros mais<br />

capturados nas praias sujeitas a me<strong>no</strong>r intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração. Porém, quando a mesma<br />

análise do rendimento por pescador foi efectuada em cada conjunto principal <strong>de</strong> peixes<br />

capturados (boga, burrinhos, sargo, safia e tainhas), o factor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração não<br />

foi significativo em algum caso.<br />

De qualquer modo, é interessante verificar que os peixes mais abundantes (cerca<br />

<strong>de</strong> 50% do peso médio total) nas capturas efectuadas por pesca à linha em períodos <strong>de</strong><br />

enchente, e que mais contribuíram para as diferenças registadas entre praias sujeitas a<br />

diferente intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração – os burrinhos e a boga –, possuem modos <strong>de</strong> vida<br />

muito diferentes. Com efeito, os burrinhos são <strong>de</strong>mersais e fortemente se<strong>de</strong>ntários, ao<br />

passo que a boga é uma espécie pelágica e encontra-se geralmente em cardumes muito<br />

móveis, erráticos e com um domínio espacial vasto (Harmelin, 1987; Whitehead e outros,<br />

1989). Sendo os efeitos da pesca costeira geralmente mais importantes nas espécies mais<br />

se<strong>de</strong>ntárias ou territoriais (por exemplo, Koslow e outros, 1988; Alcala e Russ, 1990;<br />

Roberts e Polunin, 1991; Dugan e Davis, 1993; Attwood e Farquhar, 1999; Penney e outros,<br />

1999), o elevado (embora não significativamente) rendimento da pesca <strong>de</strong> boga observado<br />

nas praias mais exploradas po<strong>de</strong> não estar directamente relacionado com a intensida<strong>de</strong> da<br />

exploração <strong>humana</strong> em estudo, embora o mesmo resultado obtido <strong>no</strong> caso dos burrinhos<br />

possa ser interpretado <strong>de</strong> modo oposto.<br />

Apesar <strong>de</strong> o factor praia não ter sido significativo na análise da totalida<strong>de</strong> das<br />

capturas efectuadas por pesca à linha em períodos <strong>de</strong> enchente, o mesmo não se verificou<br />

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