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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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peque<strong>no</strong>s. Tais marcas po<strong>de</strong>m ser facilmente observadas após a remoção <strong>de</strong> uma lapa<br />

média ou gran<strong>de</strong> e, <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> P. ulyssiponensis, é comum possuirem uma zona central<br />

não coberta por organismos macroscópicos e uma margem, <strong>de</strong> largura variável, coberta<br />

com algas encrustantes (moles e/ou duras).<br />

Nos referidos territórios alimentares <strong>de</strong> níveis intertidais inferiores, parte do<br />

substrato encontra-se geralmente não coberto por organismos macroscópicos<br />

permanentemente fixos (adiante <strong>de</strong>signado por rocha nua), on<strong>de</strong> as lapas estão geralmente<br />

fixas, estando a restante área <strong>de</strong> substrato duro coberta por algas encrustantes (moles e/ou<br />

duras), cracas ou outros animais sésseis (por exemplo, anelí<strong>de</strong>os ou moluscos com tubos<br />

calcários ou are<strong>no</strong>sos) (observações pessoais). Ligeiramente acima <strong>de</strong>stes níveis<br />

dominados por algas folhosas, numa zona <strong>de</strong> transição para os níveis on<strong>de</strong> a cobertura do<br />

substrato duro emergente (emerso durante a baixa-mar) é dominada por cracas do género<br />

Chthamalus, Saú<strong>de</strong> (2000) observou uma abundância maior <strong>de</strong> algas encrustantes,<br />

sobretudo moles, e uma me<strong>no</strong>r abundância <strong>de</strong> algas folhosas, praticamente não observadas<br />

em níveis <strong>de</strong> maré superiores. Em praias do <strong>litoral</strong> alenteja<strong>no</strong> sujeitas a maior agitação<br />

marítima que as amostradas por esta autora, o padrão atrás <strong>de</strong>scrito também foi observado,<br />

embora as algas encrustantes tenham sido sobretudo duras e calcárias (Cruz, 2000; Silva,<br />

2002b; Sousa, 2002). Apesar <strong>de</strong>stas gran<strong>de</strong>s variações verticais na abundância e<br />

composição específica <strong>de</strong> algas, as lapas ocorreram abundantemente <strong>no</strong>s níveis <strong>de</strong> maré<br />

estudados nestes trabalhos, embora a sua abundância global tenha diminuído <strong>no</strong> sentido<br />

dos dois extremos verticais da zona intertidal, e cada espécie <strong>de</strong> lapa tenha apresentado<br />

significativos padrões verticais <strong>de</strong> abundância (Saú<strong>de</strong>, 2000; Silva, 2002b; Sousa, 2002).<br />

Em níveis inferiores <strong>de</strong> maré, o balanço competitivo entre algas e lapas é<br />

geralmente mais favorável às primeiras (Branch, 1981; Hawkins e Hart<strong>no</strong>ll, 1992; Raffaelli e<br />

Hawkins, 1996), e a herbivoria mantida por lapas e outros moluscos po<strong>de</strong> ser responsável<br />

pelo estabelecimento dos níveis superiores <strong>de</strong> algas folhosas (Un<strong>de</strong>rwood, 1980;<br />

Un<strong>de</strong>rwood e Jernakoff, 1981, 1984; Hawkins e Hart<strong>no</strong>ll, 1985; Boaventura e outros, 2002a).<br />

Deste modo, é <strong>de</strong> prever que a apanha <strong>humana</strong> <strong>de</strong> lapas diminuia a abundância<br />

<strong>de</strong>stes moluscos e, sobretudo, dos indivíduos maiores e também com maior consumo<br />

alimentar (Branch, 1981; Eekhout e outros, 1992; Branch e More<strong>no</strong>, 1994; Pombo e Escofet,<br />

1996; Kyle e outros, 1997a; Branch e O<strong>de</strong>ndaal, 2003; e Roy e outros, 2003). Se este efeito<br />

for importante, <strong>de</strong>verá aumentar a abundância <strong>de</strong> algas folhosas em tais territórios<br />

alimentares (permitindo a fixação e o crescimento <strong>de</strong> propágulos <strong>de</strong> algas folhosas, e o<br />

crescimento <strong>de</strong> talos <strong>de</strong>stas algas situados nas margens dos territórios) e diminuir a área<br />

ocupada por estes, provocando a diminuição da abundância dos organismos que neles<br />

vivem. Num habitat semelhante, composto por territórios (“gaps”) alimentares <strong>de</strong> lapas<br />

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