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Predação humana no litoral rochoso alentejano - Universidade de ...

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cobertura do espaço primário, o que, por seu lado, impe<strong>de</strong> o assentamento <strong>de</strong> fauna séssil<br />

ou conduz à sua eliminação por asfixia ou crescimento por sobreposição.<br />

Consequentemente, estas alterações na estrutura do habitat biogénico afectam a<br />

fauna associada: a redução do tamanho e/ou a eliminação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> mexilhão tem um<br />

impacte negativo nas espécies associadas a este microhabitat, e a redução do espaço<br />

primário disponível afecta negativamente herbívoros raspadores que se alimentam <strong>de</strong><br />

microalgas, como as lapas. Assim, na região estudada por aqueles autores, situada na costa<br />

oriental sul-africana, os locais não explorados pelo Homem possuem níveis <strong>de</strong> maré<br />

inferiores com uma estrutura <strong>de</strong> mosaico bem <strong>de</strong>finida, exibindo grupos <strong>de</strong> mexilhão e tufos<br />

<strong>de</strong> algas coralináceas entremeados com espaços <strong>de</strong> algas encrustantes e lapas do género<br />

Patella, ao passo que os comparáveis locais explorados são geralmente dominados por<br />

extensos tapetes <strong>de</strong> algas que ocupam a maioria do espaço disponível (Dye, 1992, 1993;<br />

Lasiak e Field, 1995; Lasiak, 1998, 1999).<br />

De acordo com estudos sobre a estrutura <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s realizados <strong>no</strong> <strong>litoral</strong><br />

<strong>rochoso</strong> alenteja<strong>no</strong>, <strong>de</strong>signadamente em níveis inferiores <strong>de</strong> maré (Saú<strong>de</strong>, 2000; Silva,<br />

2002b; ver também Boaventura e outros, 2002c), existe uma estrutura em mosaico nestes<br />

níveis, parecida com a acima <strong>de</strong>scrita, consi<strong>de</strong>rando que, apesar <strong>de</strong> as algas folhosas<br />

dominarem a cobertura do espaço primário, formando agrupamentos turfosos, também<br />

ocorrem lapas (ver também Sousa, 2002), algas encrustantes, e cracas e outros animais<br />

sésseis, que po<strong>de</strong>m ser abundantes em espaços entremeados com estes agrupamentos,<br />

on<strong>de</strong> também ocorre rocha nua. Apesar <strong>de</strong> estes estudos não terem sido realizados com o<br />

objectivo <strong>de</strong> analisar o impacte da exploração <strong>humana</strong> em litorais <strong>rochoso</strong>s, os seus<br />

resultados sugerem que este impacte não é tão elevado na região em estudo como o<br />

<strong>de</strong>scrito na costa oriental sul-africana pelos trabalhos acima referidos. Com efeito, as<br />

comparações efectuadas nas tabelas 2.43 e 3.10 (secções 2 e 3, respectivamente) indicam<br />

que, em termos gerais, os litorais <strong>rochoso</strong>s da costa sul-africana, sobretudo na parte<br />

oriental, têm sido sujeitos a uma exploração <strong>humana</strong> mais intensa e produtiva que os da<br />

costa alentejana. Porém, em alguns casos, foram observados <strong>no</strong> presente trabalho valores<br />

idênticos (intensida<strong>de</strong> total e <strong>de</strong> marisqueio em baixa-mar; rendimento da pesca à linha) ou<br />

mesmo superiores (intensida<strong>de</strong> da predação e da pesca à linha em baixa-mar; rendimento<br />

do marisqueio, num caso em que a intensida<strong>de</strong> da exploração foi consi<strong>de</strong>rada baixa na<br />

costa oriental sul-africana) aos registados nessa costa.<br />

Por outro lado, tal como se po<strong>de</strong> constatar nas referidas tabelas 2.43 e 3.10, a<br />

exploração <strong>de</strong> litorais <strong>rochoso</strong>s alenteja<strong>no</strong>s e sul-africa<strong>no</strong>s apresenta também <strong>no</strong>tórias<br />

diferenças qualitativas, sobretudo na importância relativa das activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marisqueio<br />

exercidas em períodos <strong>de</strong> baixa-mar: na África do Sul, a apanha <strong>de</strong> mexilhões e lapas é<br />

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